As eleições europeias
Tive o cuidado de seguir com atenção a comunicação do Presidente da República sobre as próximas eleições europeias. No essencial, a mensagem procurou sublinhar a importância desse acto eleitoral e apelar à participação dos eleitores.
É, infelizmente, uma causa perdida antecipadamente. Como de costume, uma parte maioritária dos cidadãos pôr-se-á fora do processo e faltará, do dia das eleições, à chamada. A Europa é um tema distante, para muitos. Por outro lado, a maneira absolutamente arbitrária que caracteriza a definição das listas de candidatos dá a entender que os partidos não têm qualquer respeito pelos eleitores. Nesse caso, que respeito deverão ter os eleitores por listas que foram cozinhadas à revelia dos interesses colectivos e sem a participação dos cidadãos?
Também é uma causa perdida de antemão o apelo para que os debates se façam com serenidade e se focalizem nos temas europeus. As campanhas eleitorais serão, uma vez mais, uma oportunidade para repetir as acusações mútuas entre os partidos, tudo de um modo muito paroquial. Na aldeia que é Portugal, discutem-se coisas de comadres e compadres, não se olha para além do adro da igreja.
E a verdade é que a Europa tem muito para discutir. Mas nós estamos habituados a passar ao lado dessas coisas e assim faremos desta vez também.