As elites e o povo
Muitos dos nossos concidadãos sentem-se frustrados. É um facto que a frustração não é um sentimento novo. O que pode ser considerado novo é a expressão pública dessa sensibilidade, que através das plataformas sociais quer ainda na praça pública, nas manifestações de rua.
São sonhos que não se realizam, opiniões que ninguém parece querer ouvir, críticas e sugestões a que não se dá peso, mesmo, nalguns casos, invejas que não se sublimam. Sem esquecer o drama que muitos enfrentam, quando o mês parece ter chegado ao fim quando ainda faltam tantos dias para o completar.
Estes sentimentos explicam em boa medida os populismos, os radicalismos, os movimentos do tipo Coletes Amarelos.
A classe política não tem sabido responder a estas desilusões e às angústias que lhe estão associadas. Os políticos vivem em mundos à parte, nos círculos que as elites formam. Movem-se na órbita de outros políticos, de jornalistas e de gente das empresas. Todos têm vários interesses em comum, que se satisfazem em circuito fechado. E todos eles partilham a mesma falta de sintonia e de conexão com os cidadãos anónimos, bem como a convicção de que são mais inteligentes e mais vivos que o resto da população.
É isso que deve mudar.