As estimativas criativas e falsas
Explicava hoje a uma pessoa amiga, universitário atento aos acontecimentos do quotidiano, que os números que são citados sobre a percentagem de pessoas de religião muçulmana residentes em França ou na Bélgica, bem como noutras partes da União Europeia, são meras estimativas. Muitas vezes não têm qualquer base científica e não seriam aceites pelo mais comum dos técnicos estatísticos. Os recenseamentos da população há muito que deixaram de perguntar aos cidadãos a religião que praticam ou com que se identificam.
Convém, por isso, ser prudente com os “dados” que por aí surgem.
E não esquecer que existe uma tendência para inventar números que não se conhecem. Quando andei pelas coisas da estatística, vi muitos exemplos desses.
Também é verdade que a repetição, por várias personalidades públicas, da mesma estimativa inconsequente acaba por dar ao valor uma credibilidade que não se justifica.
Estamos numa época em que a repetição das mesmas ideias erradas por muitos acaba por dar a esses erros um cunho de verdade indiscutível.