Boutros-Ghali, um homem corajoso
Neste dia do passamento de Boutros Boutros-Ghali, queria aqui deixar uma palavra de homenagem.
Boutros-Ghali foi Secretário-geral das Nações Unidas num período particularmente difícil. Durante o seu tempo, tivemos a primeira grande crise na Somália, o massacre no Ruanda e a violência generalizada nos Balcãs. Foram várias as ocasiões em que Boutros-Ghali entrou em choque com a Administração do Presidente Clinton, por causa de diferenças de apreciação sobre estas crises e a acção que seria necessária.
Como não poderia deixar de ser, os confrontos fizeram-no perder a hipótese de um segundo mandato à frente da ONU. Funcionou o direito de veto.
Servi Boutros-Ghali como seu representante na Gâmbia e depois na Tanzânia. No caso específico da Tanzânia, teve a coragem de me nomear para um país que até então só havia aceitado representantes residentes de origem africana. Boutros-Ghali era assim: um homem determinado.