Cameron e Hollande
Ontem, depois da cimeira do Conselho Europeu, tive a oportunidade de seguir na íntegra as conferências de imprensa de David Cameron e de François Hollande. Foi bem ao fim do serão, já tarde, depois de dois dias de reuniões extenuantes e de uma noite muito curta, sobretudo no caso de Cameron.
O primeiro-ministro britânico mostrou, no seu encontro com os jornalistas, uma capacidade de comunicação exemplar. Pareceu fresco, determinado e foi claro. As mensagens políticas, quer se goste quer não, foram bem sublinhadas e tiveram sempre em mente o alvo a atingir, que era o de convencer o eleitor britânico que o Reino Unido tinha ganho a batalha da Europa e que, por isso, o voto pela continuação na UE era agora perfeitamente justificado.
O presidente da França foi menos estruturado no que disse. Pareceu mais cansado e menos estruturado. Percebia-se que tinha mais ou menos improvisado a comunicação. É verdade que estava à vontade, conhecia bem os assuntos. Mas lembrou-nos, uma vez mais, que o improviso em política exige muita preparação, muito trabalho e um tratamento muito directo dos assuntos. Os rodeios palavrosos matam a comunicação. A improvisação é um teatro.
Aliás Cameron mostrou a quem o quis ver que toda a liderança política é uma questão de boa representação em cena.