Com circunspecção
Embora de viagem, nos últimos dias, estive atento, como todos estiveram, ao que se passou na cimeira de Bruxelas do Eurogrupo. E sublinho, como muitos o fizeram, que se tratou de um momento muito grave, na história da construção europeia. Penso, por isso, que tem que haver muita prudência na maneira como se discute essa cimeira. Noto, porém, que a ponderação é uma moeda rara na EU. E ainda por cima não é dispensada nas caixas do multibanco.
Mas convém insistir na questão da circunspecção.
Numa situação como a que se vive actualmente em torno da crise grega não há vencidos nem vencedores. Na verdade, ninguém ganha. Há mesmo um sério risco de perdermos todos. Qualquer opção é difícil e tem custos políticos, económicos e humanos muito grandes. A responsabilidade de quem governa é a de chegar a um acordo razoável, mas que será sempre um acordo com enormes custos e riscos de grande envergadura.
Depois, é preciso explicar as razões das opções tomadas e garantir a seriedade das mesmas.
É igualmente importante tirar algumas lições de uma crise desta envergadura. Serão várias. Uma delas é bem clara: nas relações entre os Estados, as regras que foram acordadas são para cumprir. Sem isso, não há futuro comum. Mas existe uma lição complementar: nestas coisas das relações entre os Estados e na discussão de acordos, todos devem ter a sua palavra a dizer, em pé de igualdade e sem medos. Essa é igualmente uma condição fundamental para que se possa traçar um caminho comum.