Confusão no Mali
No seguimento da rebelião militar que está a ocorrer no Mali, falei este serão com colegas que estão em Bamako e no norte do país. A situação continua confusa. O Presidente Ibrahim Boubacar Keita e o Primeiro-Ministro continuam detidos num importante campo militar a cerca de 15 quilómetros da capital. O mesmo acontece a outros ministros e algumas altas patentes das Forças Armadas. No centro de Bamako houve algumas pilhagens e distúrbios. O resto da capital e as províncias mantém-se calmas.
Esta insurreição acontece num país que beneficia de um forte apoio da França, da União Europeia e das Nações Unidas. Esses apoios têm fechado os olhos, para não ver que a política do governo do Presidente Keita não vai no sentido da paz, da inclusão étnica e do combate à corrupção. Tem havido, isso sim, um alinhamento com que está no poder. Essa opção dos parceiros externos não tem ajudado o país a sair da crise em que se encontra desde há uma dezena de anos. Ora, o país tem gente muito bem formada que com o apoio certo teriam podido endireitar a situação e combater a pobreza e todos os tipos de tráficos que entretanto se foram enraizando.
Para a ONU, a continuação da crise no Mali deveria levantar uma série de questões muito sérias. Agradar à França não é certamente a opção política mais acertada. A imparcialidade não pode ser uma palavra vazia de conteúdo.