Conversa política
Liderar implica estar atento às preocupações das pessoas. E saber dar voz e sentido a essas preocupações. Ou seja, é preciso manter uma ligação permanente com os cidadãos. O erro de muitos políticos é confundirem elitismo com liderança. As elites tendem a relacionar-se apenas entre elas e a ignorar o resto das pessoas, as gentes comuns. E assim acabam por falar uma linguagem que nada diz à generalidade das pessoas, uma linguagem que não é entendível e que é vista como uma maçada, um aborrecimento, um falar à “político”.
Ainda recentemente um amigo meu escrevia um texto sobre a reforma do Estado, que faria se estivesse no poder. Foi uma escrita enfadonha, cheia de lugares-comuns e de frases feitas, que são frequentemente repetidas, mas que nada dizem de concreto às pessoas. É como a conversa sobre a redução dos impostos, uma bandeira frequente de vários políticos. Juram a pés juntos que os irão baixar, mas não explicam que relação haverá entre essa descida e a modernização e racionalização de certas funções do Estado. Ora, sem uma reorganização de certos serviços – é preciso dizer quais – não é possível poupar nas despesas públicas. E sem isso, não há imposto que diminua. Também deveriam dizer que a alta taxa de imposição tem muito que ver com o mau funcionamento da administração pública. Há muito dinheiro que é gasto em burocracias inúteis e em serviços que poderiam ser agrupados ou reorganizados. Assim se faz noutros países, incluindo em países de desenvolvimento intermédio. Há que enumerar esses serviços, proceder a uma avaliação em profundidade e reestruturar.
Assim se ganharia apoio popular. E se faria política de uma maneira mais séria e mais eficiente