De novo sobre as ameaças russas
O texto que ontem publiquei no Diário de Notícias foi considerado por alguns leitores – os que me contactaram – como pessimista. Nomeadamente, no que respeita a uma possível acção armada da Rússia contra a Ucrânia. A questão iraniana não toca tanto os leitores portugueses. O Irão encontra-se num mundo distante, que parece não fazer parte do nosso. Já a Rússia desperta grande interesse, atitudes emocionais mesmo.
Claro que não posso ter a certeza, quando se trata das intenções russas. Mas a verdade é que o Kremlin fez saber quais são as suas exigências em relação à NATO e ao Ocidente. Ficou assim claro que Vladimir Putin e os seus apenas querem negociar com os americanos. Os estados europeus não contam, não fazem medo aos russos. São os EUA quem conta. E quando os russos falam da NATO, estão novamente a falar dos americanos.
As exigências anunciadas são, à partida, inaceitáveis. Querem fazer recuar o relógio da história cerca de vinte e cinco anos. Para o conseguir vão aumentar a pressão sobre a Ucrânia – e não só –, de tal maneira que leve o Ocidente a ceder. É aí que está o risco. Este jogo de confrontação só tem duas saídas: ou um lado cede ou então há um choque. Ora, estamos muito perto de assistir a um choque.