Desenvolvimento em Lisboa
Num ambiente dominado por questões políticas marginais, a realização em Lisboa de uma conferência internacional sobre o desenvolvimento, nos últimos dois dias, merece destaque. Saiu da pequenez e das querelas de compadres que têm estado a definir a actualidade nacional nas últimas semanas.
O encontro, que se irá repetir anualmente, foi um sucesso. Voltou a colocar as questões do desenvolvimento no plano prioritário, sobretudo numa altura em que o debate sobre as responsabilidades da comunidade internacional no período pós-ODM – Objectivos de Desenvolvimento do Milénio –, ou seja, para os anos 2016-2030, está a entrar na fase final, de acertos quanto às áreas de intervenção e de apuramento dos resultados que deverão estar na linha de mira da cooperação internacional.
O último dia da conferência coincidiu com o lançamento, pelo Secretário-geral da ONU, do relatório intitulado “ O Caminho para a Dignidade 2030: Acabar com a Pobreza, Transformar as Vidas e Proteger o Planeta”. Este é o documento de base para a elaboração da próxima agenda do desenvolvimento internacional. Está disponível em inglês, na página da ONU, e deve ser lido por todos os que se preocupam com estas questões.
A conferência de Lisboa deveria agora procurar ligar o seguimento das discussões que acabam de ter lugar na Gulbenkian com o debate público que agora começa, à volta do relatório de Ban Ki-moon. Deste modo, a iniciativa ganharia uma projecção internacional acrescida e colocaria Lisboa no mapa da reflexão global sobre as grandes questões das próximas décadas.
Isso seria certamente mais útil do que andar a discutir as bagatelas que nos têm ocupado os tempos recentes.