Dias extraordinários
Vivemos na Europa um serão extraordinário. Um período dramático que se vai aliás prolongar por uns tempos.
Primeiro, temos a vitória do “Não” e da posição de Tsipras e do governo grego.
Em segundo lugar refiro-me ao clima de total incerteza que agora parece caracterizar os próximos dias: que irão os dias que se seguem trazer para o povo grego, a começar pela questão do acesso a meios de pagamento e ao funcionamento dos bancos?
Terceiro, penso no grau de instabilidade que a nova posição grega provoca na zona euro, uma união monetária que agora entrou numa fase crítica da sua existência.
Quarto, não podemos ignorar as divisões possíveis na cena política europeia, com uns países do euro grupo a olhar de modo inflexível para a Grécia e outros mais prontos para o diálogo.
Este é o momento que exige ideias claras.
É um momento de escolhas políticas, com base na salvaguarda do que é essencial para a sobrevivência da moeda comum e do que ela significa em matéria de construção da unidade europeia. Quem é contra a continuação da moeda comum achará que se deu hoje um grande passo em frente no sentido de se acabar com esse projecto. Quem é a favor – e a grande maioria dos cidadãos da zona euro está claramente deste lado, incluindo os eleitores na Grécia – tem que medir com clareza os prós e os contras das decisões que estão em cima da mesa, das escolhas que deverão ser feitas no futuro imediato. Terão, certamente, que ter presente que a moeda comum exige regras, convergência económica e solidariedade. É isso que é preciso ter em linha de conta, com peso e medida.