É um exagero dizer que a Europa está a morrer
Voltei esta manhã a dizer que exagera quem afirma que Europa está a morrer. É verdade que a crise é profunda, que a falta de coordenação é evidente e que as palavras que são ditas, entre governos de países vizinhos, não mostram prudência nem diplomacia. Mas quem estava preparado para uma avalanche de refugiados e de migrantes como a que está a acontecer?
A interrogação faz-nos pensar, isso sim, que houve falhas enormes por parte de quem tem a obrigação – e o emprego – de antever estas coisas. Como também falhou quem deveria ter aconselhado os líderes, quando a bola de neve começou a rolar. Falharam igualmente os líderes, não só por não verem a dimensão do problema, mas ainda por pensarem que este seria um problema que ficaria na Itália ou noutros países do Sul da Europa. Que seria, ao fim e ao cabo, uma dificuldade dos outros, uma crise fora de portas.
Entretanto, a questão entrou na casa europeia. E deu origem a desavenças. Há que ir, agora, além das disputas e dar resposta a uma questão que veio para ficar. E não só. A um fenómeno que não tem fim à vista. A pressão vai aliás aumentar à medida que o Outono for entrando. Ninguém sabe prever, neste momento, quando irá terminar o movimento das populações vindas do outro lado do mar.
Tudo isto é grave, mas não vai acabar com o projecto europeu. A ideia e a ambição do sonho europeu são mais vastas e mais duradouras que as carreiras dos políticos actuais.