Espinhas e outras comparações
No mercado central de Riga, as espinhas de salmão fresco estavam hoje a € 0,60 por quilograma. Os restos da barriga do peixe, o que sobra quando os filetes são preparados, custavam € 0,70 por cada quilo. Cortados com arte, esses restos tinham uma excelente apresentação. Na sopa dos reformados – esta categoria de cidadãos constitui uma boa parte da clientela do mercado – a apresentação também conta.
Do outro lado, do lado da carne, o mais barato eram os nacos enormes de toucinho, pura gordura de porco cortada a preceito: 0,70 euros por quilo.
Ver e contar estas coisas dá-nos outro ângulo.
Mais. Devo acrescentar que tudo se passa com muita elegância e saber estar nos espaços colectivos, na rua e na praça, que a última coisa que uma pessoa deve perder é a dignidade, o respeito, a começar pelo respeito por si própria. Quem viu coisas bem piores, a ocupação nazi, os tempos estalinistas, as deportações, a repressão violenta da cultura e da língua letãs, os invernos gelados, a repressão feroz, sabe que as espinhas de peixe têm um valor relativo.