Fim de agosto
Terminou hoje o meu retiro rural. Duas semanas na aldeia do Cano, concelho de Sousel, são como um convite a esquecer o resto do mundo. Incluindo a política portuguesa. Uma grande parte dos habitantes é idosa. São gente simples, com hábitos de consumo muito modestos e uma grande capacidade de adaptação ao que a vida vai oferecendo. O dia-a-dia é feito de pequenas rotinas, de umas sopas e muito pão. À terça e à quinta, há um jovem que vende peixe na única banca do mercado, na porta ao lado da Junta de Freguesia e do posto dos Correios. Os mais velhos aparecem por ali, compram dois ou três euros de peixe, conversam uns com os outros e têm parte da semana feita. Raramente vão às compras a Estremoz, a vinte minutos de carro, nem mesmo a Sousel, a sete ou oito minutos de distância.
A televisão enche o resto do tempo. Mas fala de um mundo distante, diferente e estranho.