Hollande joga uma carta forte
A França tem esta noite um novo primeiro-ministro: Manuel Valls. De origem espanhola, naturalizado francês, não frequentou nenhuma das grandes escolas, como por exemplo a École Nationale d´Administration (ENA), o que é um facto raríssimo nas altas esferas da política e da administração pública gaulesas. É, pura e simplesmente, um bom político, determinado, capaz de dizer umas verdades desagradáveis, excelente conhecedor das pastas com que tem que lidar. Muito aplicado, sabe que em política é preciso projectar uma imagem de seriedade e de preocupação, de atenção aos problemas do cidadão comum.
A esquerda do Partido Socialista não terá certamente ficado contente. Considera Valls um social-liberal, um Blair à francesa. Ao proceder a esta escolha, Hollande percebeu, no entanto, que é fundamental conquistar o eleitorado do centro e o eleitor de base, que se sente deixado de lado e inseguro, e, por isso, tentado pelo voto ultranacionalista que Marine Le Pen representa.
O tempo dirá. Mas, à partida, parece ter sido a decisão mais acertada.