Líderes ou escolhas políticas?
Amigos e conhecidos continuam a repetir que a Europa está sem liderança. Ou seja, que os líderes europeus não têm capacidade para dar sentido ao projecto europeu. E dizem isso tendo presente, de forma explícita ou de maneira calada, o exemplo dado por outros líderes, de outros tempos.
A acusação é, aliás, muito frequente, em vários círculos. Tem, além disso, a vantagem de passar bem, nalguns sectores da opinião pública. Sem esquecer que malhar na liderança europeia traz sempre adeptos. Bater nos poderosos faz parte da cultura popular.
A verdade é um pouco mais complexa. Na realidade, o que deveria ser criticado é de natureza política, é a política que está a ser seguida pelos que mandam nos países da UE. Os líderes existem, alguns até passam bem nos seus respectivos países. O problema é ao nível da política que os inspira.
A política actual é muito pouco pró-europeia. Está, acima de tudo, profundamente marcada por preocupações nacionais. E os líderes não pensam que essas questões nacionais possam beneficiar de uma maior coordenação europeia. Note-se que não falo de “maior integração”, mas apenas de mais coordenação entre os diferentes estados. Mesmo isso não passa, não é visto como trazendo benefícios internos. Nem como uma contribuição para a solução dos problemas que cada um tem que enfrentar. E por isso, não há interesse em fazer avançar a agenda europeia.