Não existem condições para um compromisso nacional alargado
É muito fácil, numa altura de crise, assentar arraial numa posição que critique tudo e todos. Temos uma grande tendência para esse tipo de comportamento. Ora, para que o país se desenvolva, é preciso sair desse estado de espírito. Tem que se aprender a falar do futuro, da nossa responsabilidade na sua construção, da nossa contribuição e do nosso optimismo.
Custa-me muito ver os meus amigos sempre prontos para dizer mal. Em certa medida, esse tipo de atitude cria entre nós uma espécie de fosso quase intransponível. Não deveria ser assim. Precisamos, isso sim, de pontes que nos aproximem.
Barroso, na entrevista ao Expresso que sairá amanhã, reforça ideia que precisamos de pontes e espaços amplos de concordância política. Fala na necessidade de um bloco central, capaz de permitir a estabilidade da governação, de dar força às reformas que ainda estão por fazer, um bloco que congregue o PS, o PSD e mesmo o CDS/PP. Defende, como é claro e seria de esperar uma aliança do tipo centro-direita.
Não me parece, nas circunstâncias actuais e nos tempos mais próximos, que tal venha a ser possível. Como também não me parece viável uma coligação do PS e da sua esquerda. Em qualquer dos casos, seria preciso que houvesse um líder político com credibilidade suficiente para ser aceite por vários partidos e correntes de opinião. Alguém que conseguisse planar a um nível suprapartidário.
Nas lideranças políticas de hoje não existe uma figura com carisma suficiente para isso.