O nosso Boris
Não sou, de modo algum, um fã de Boris Johnson. Reconheço, no entanto, a habilidade que teve, em termos da conquista do poder. Criou uma imagem própria, inconfundível, meio séria meio divertida, definiu uma agenda simples e fácil de entender, repetiu sempre a mesma mensagem, falou do futuro de modo positivo e com grandes acentos históricos, foi implacável no ataque aos seus opositores e soube estabelecer um círculo de fieis discípulos e de seguidores atenciosos. Teve, além disso, a habilidade de conquistar uma parte da comunicação social, que lhe amplificou a voz e se bateu pela sua promoção.
Observar tudo isto faz parte do estudo das lideranças e do caminho que seguem até chegar ao poder.
Por outro lado, tomar Boris Johnson por parvo seria um erro. Tem certamente muitas fragilidades, como todos os líderes com um só ponto na agenda, e é por aí que deve ser atacado. Ele criou um personagem jocoso, a oposição deve transformar isso num comportamento de palhaço. Tem uma agenda superficial, que deve ser demolida, sublinhando que se trata de um engodo sem substância. E cada erro ou mentira que de si saia, deve ser exagerada e repetida à exaustão, mas dando-lhe a volta, de modo a que pareça inteiramente ridícula.
Não vai ser fácil, que ele sabe da música.
Mas assim se deve fazer oposição, num caso destes, numa época em que a imagem é tudo ou quase tudo.
E já agora, isto em Portugal também pode servir de fonte de inspiração.