O Papa no centro da política europeia
Não estarei de acordo com muito do que disse o Papa, no seu discurso de hoje, no Parlamento Europeu em Estrasburgo. As ideias sobre o aborto e a eutanásia, por exemplo, fazem parte de uma concepção filosófica que não partilho.
Sei, por outro lado, que a visita tinha, acima de tudo, uma dimensão política, favorável a ambos os lados: à Igreja, que precisa de ser vista num dos centros de poder da Europa, e para os deputados europeus, que têm que encontrar todo o tipo de maneiras para ganhar credibilidade aos olhos dos eleitores.
Mas reconheço que a presença do Papa teve o mérito de chamar a atenção sobre a necessidade de uma visão “ética” da política. A política deve voltar a assentar na procura do bem colectivo, no espírito de missão e nos valores da justiça social e do respeito pelas pessoas. O Papa fez-nos pensar nessas coisas.
É verdade que tais pensamentos são sol de pouca dura. Mesmo assim, é importante que alguém com autoridade moral nos lembre como deveria ser a acção política de gente séria.