O projecto europeu é para continuar
Hoje, os ministros das Finanças do Eurogrupo voltam a reunir-se para discutir como custear os investimentos excepcionais que a pandemia vai exigir. Esta é uma questão muito delicada, que tem dividido a zona euro em dois campos. Também deu azo ao aparecimento de toda uma série de colunas de opinião, aqui na nossa praça, que se inspiraram mais no emocional e nas ideias feitas do que numa análise da realidade do que é o mosaico europeu.
A UE é o resultado de um equilíbrio de interesses diversos, de vários tipos, não apenas económicos, de modo a garantir um certo modo de vida, que tem na democracia, na segurança humana e na prosperidade os seus principais pilares. Este equilíbrio será mais forte se os diversos países membros conseguirem evitar grandes disparidades entre eles. Creio que em relação a isso não há dúvidas nas diferentes capitais e nas cebeças de quem pensa nestas coisas pela positiva. Como também não me parece que hajam dúvidas quando se trata de reconhecer as diferenças que existem e peso negativo que essas disparidades trazem para o projecto comum.
Mas estas coisas entre Estados constroem-se progressivamente. Em certas áreas e em dados momentos, é possível avançar mais depressa. Outras vezes, estaremos perante um trabalho penoso de discussão, de resolução das divergências. É nessa altura que é precisa muita diplomacia, ideias claras e argumentação inteligente.
Certos comentaristas caem na estupidez ou, então, no jogo barato e afirmam, por exemplo, que os Estados membros têm como modelo uma Europa desigual, com níveis de desenvolvimento diferentes. Esse afirmação soa bem, nos meios que querem destruir a união, mas não corresponde à verdade.