O Senhor Lavrov foi ao Conselho de Segurança da ONU
Sergey Lavrov foi à caça e voltou depenado. Ou seja, presidiu hoje à reunião do Conselho de Segurança da ONU, que havia convocado para tentar mostrar que o seu país é um grande defensor do multilateralismo. A coisa não correu como ele gostaria. À partida, Lavrov sabia que a reunião não seria fácil. Mas não estava à espera de que logo na abertura o secretário-geral das Nações Unidas viesse dizer, sem qualquer tipo de ambiguidade, que a Rússia tem estado a violar os princípios básicos da Carta das Nações Unidas e a provocar sofrimento e destruição na Ucrânia. Depois, vieram as acusações, no mesmo sentido, proferidas pelas embaixadoras dos EUA, do Reino Unido e da Suíça, e assim sucessivamente.
A intervenção de Lavrov não justificou nada e foi mesmo difícil de seguir. O ministro falou em russo, como seria de esperar, mas a grande velocidade, e a intérprete para a língua inglesa teve imensas dificuldades em acompanhar o ritmo. Assim, no momento, foi quase impossível compreender o que o ministro estava a dizer. Podia ter falado de modo mais lento, se de facto acreditasse na mensagem que trazia de Moscovo. Estava ali, no entanto, a fazer um frete ao patrão, e leu o texto com um tom e uma velocidade que mostravam que nem ele acreditava no que estava a dizer.
A sessão permitiu, em resumo, lembrar que estamos num momento muito perigoso da nossa história contemporânea. Também revelou que o Kremlin considera o Fundo Monetário Internacional como uma instituição hostil, algo que será certamente bem recebido por vários países fortemente endividados e totalmente dependentes da aprovação pelo FMI de programas de ajustamento financeiro. Esses programas têm normalmente um custo político elevado para os dirigentes de regimes corruptos ou irresponsáveis.