Olaf Scholz a marcar o terreno e o lugar da Alemanha
Olaf Scholz é um político pouco habitual. Não tem manhas, não grita, não insulta os oponentes, não despreza os jornalistas, não mostra arrogância. Muito o contrário do que temos aqui por casa. Mas é o chanceler da Alemanha, desde o final do ano passado, e por isso, tem peso e deve ser ouvido.
No início da semana, proferiu um longo discurso na velha e prestigiosa Universidade Charles de Praga. Falou da sua visão da Europa.
Foi um discurso positivo, que defendeu a reforma das instituições e dos tratados, o papel geopolítico da União Europeia, o distanciamento em relação à Rússia, mas também uma maior autonomia no que respeita ao relacionamento com os Estados Unidos, o alargamento aos Balcãs e a Leste, e mais. Também reconheceu a tragédia que a Alemanha criou na Europa de há oitenta anos e o facto de isso continuar a pesar na consciência colectiva alemã.
Com a crise criada pela Rússia, o centro de gravidade política da Europa está a mover-se para Leste. Os polacos, os bálticos, os nórdicos, e outros, estão a tornar-se cada vez mais determinantes na definição da agenda europeia. A Alemanha considera que pode fazer a ponte entre esse grupo e o lado ocidental da UE. O discurso de Scholz pode ser visto a partir desse prisma.