Os escribas do insulto e os seus padrinhos
Deixar que o insulto faça parte da luta política é uma vergonha. Não ajuda a resolver os problemas, apenas nos enterra ainda mais. Mas quando o insulto é aceite e publicado num dos órgãos de comunicação social de referência não estamos apenas perante uma falta de ética profissional. Trata-se, em casos desse tipo, de uma conivência com um acto manifestamente ilegal. É o jornalismo de sarjeta a contaminar o combate das ideias.
Em Portugal, o vitupério através da comunicação social tornou-se numa prática corrente, em alguns órgãos que já foram exemplos de qualidade. Uma prática que não encontramos nos jornais que se publicam noutros países europeus. Aí, por muito dura que seja a disputa entre os partidos e as personalidades políticas, existe um nível de decoro que, infelizmente, não encontramos na nossa cena pública. E que, em certos casos, ultrapassa, de longe, o que uma sociedade democrática pode tolerar.