Os franceses são difíceis de governar, dizia De Gaulle
Segui cada palavra do Presidente Emmanuel Macron, que este serão se dirigiu aos franceses, para falar da luta que o governo e a nação estão a travar contra a pandemia. Falou bem e de maneira completa, não esquecendo nem a dimensão europeia nem a necessária solidariedade para com África. Mencionou igualmente as desigualdades sociais, que permitem a alguns passar um longo período de confinamento de modo mais aceitável ou dar a oportunidade aos seus filhos de melhor aproveitar as aulas à distância. Também procurou definir, tanto quanto é possível neste momento, uma perspectiva temporal, uma visão de como se irão passar as coisas nos próximos tempos.
O que a mim pareceu equilibrado e claro não foi bem aceite por metade dos franceses. Uma sondagem feita minutos depois da comunicação ao país mostrou antipatia e falta de confiança nas acções do Presidente. Apenas 41% dos eleitores acham que a resposta do governo à calamidade é adequada. Emmanuel Macron não consegue ganhar terreno para além das profissões liberais, dos quadros e de uma certa elite urbana. As pessoas comuns, o cidadão da baguete, não vê o Presidente como alguém próximo das preocupações populares. Esta crise poderia ter dado a volta a essa fraqueza política, mas não está a dar. É algo de preocupante, na medida em que as alternativas são populistas e ultranacionalistas. A França continua insatisfeita.