Os tempos do futuro
Agora, é preciso ser-se realista e optimista, ao mesmo tempo. O realismo permite-nos compreender que a recuperação das economias vai ser dura, exigir muito trabalho e um quadro político favorável. O optimismo dir-nos-á que o futuro não pode ser uma mera cópia do passado. Terá que ser melhor, mais atento à segurança das pessoas, incluindo a sanitária, mais responsável perante as grandes questões do ambiente, assim como mais aberto à cooperação entre os povos e os seus governos.
Não vai ser fácil. Os traumatismos da crise que vivemos levam-nos a uma situação de dependência em relação aos governantes, à crença que o Estado tem que resolver tudo e que nós só temos que pedir e esperar. Levam-nos, nalguns casos, a aceitar sem pestanejar a autoridade abusiva de quem ocupa os lugares de mando. Não creio, no entanto, que a democracia esteja em perigo, com a excepção dos casos conhecidos. Mas é bom recordar, a quem precisa de ser recordado, que as autocracias não são aceitáveis. Esta é uma tecla em que será preciso bater muitas vezes.
Aos populistas e demagogos, convém dizer que não, que os nacionalismos extremistas não serão a moeda do futuro. O mundo está e estará confrontado com grandes problemas partilhados por todos. Apenas as respostas coordenadas poderão ser a solução. Para além disso, o equilíbrio em relação às superpotências pede que nos unamos, a nível regional. Só assim poderemos fazer frente aos gigantes geopolíticos e económicos. E, por muito simpático que possa parecer, um gigante é sempre ameaçador.
O optimismo vai ser o tema do mês de maio. Todavia, para vingar, precisa de exemplos positivos e de um reabrir das relações internacionais. Aqui, nesta área, seria fundamental propor uma iniciativa que mostrasse que a comunidade internacional compreende a necessidade de acções conjuntas. Precisamos de uma cimeira da reconstrução e de desenho do futuro.