Paris com horror mas também com serenidade
As acções terroristas de sexta-feira, em Paris, apanharam-me quando acabava de regressar de uma viagem ao Oriente. Melhor dito, quando havia completado um percurso de mais de trinta horas e me encontrava completamente desfasado em termos de fusos horários. Apanharam-me também, no meio de duas grandes viagens: saio hoje para Addis Ababa.
Mas não quero deixar de exprimir o meu horror e de fazer, igualmente, um comentário inicial.
A sexta-feira de pavor em Paris deve ser vista com uma preocupação máxima. Vem na linha do que acontecera, uns dias antes, em Beirute: dois atentados suicidas, um após o outro, cerca de 50 pessoas mortas. E também no seguimento do atentado contra o avião civil russo, sobre o Sinai, há duas semanas. Todos estes actos de grande barbárie foram planeados e executados a mando do autoproclamado Estado Islâmico. Há aqui uma capacidade de matar, em vários pontos do globo, que nos preocupa sobremaneira
Mas voltemos a Paris. A sucessão de actos terroristas cometidos nesse dia, a desumanidade revelada pelos autores, a cegueira ideológica que os inspirou e que provocou tantas mortes inocentes bem como a autodestruição dos criminosos, até a escolha da data – uma sexta-feira, dia santo, mas uma sexta-feira 13, tudo isso revela níveis de planeamento, de preparação, de execução e de ódio que devem ser vistos como uma bateria de alertas em relação ao futuro.
À preocupação máxima deve juntar-se serenidade extrema. Não há que misturar alhos com bugalhos.
Deve ainda dar-se uma resposta europeia comum. Seria uma derrota tirar a conclusão, face a estes atentados, que se cada país se fechar em casa haverá mais segurança.