Quem pode telefonar a Erdogan?
A União Europeia deveria transmitir ao Presidente da Turquia uma mensagem clara. A situação actual, nas fronteiras da UE, justificaria uma conversa firme com Recep Tayyip Erdogan.
Não seria necessário perder muitas palavras numa discussão sobre a crise em Idlib. Essa matéria deve ser tratada entre Erdogan e Putin. Está previsto, aliás, que esses dois compadres se encontrem, lá mais para o fim da semana, para falar de Idlib. Mas os europeus têm que lembrar ao Presidente turco o acordo que existe entre as partes, no que respeita à imigração em massa e aos refugiados. E deverão acrescentar que as pessoas em situação de desespero não podem ser utilizadas como peões num tabuleiro de jogos políticos.
Infelizmente, não vejo quem possa pegar no telefone para ter essa conversa com Erdogan. Charles Michel, o Presidente do Conselho Europeu? O seu estatuto faria dele o interlocutor mais adequado. Mas parece andar desaparecido, a resguardar-se talvez, para não apanhar o vírus que por aí anda. Ursula von der Leyen? Não a vejo com a autoridade necessária para o fazer. E não se pode pedir a um Chefe de Estado que o faça, sem ferir protocolos, e sem esquecer que a Croácia é o Estado que teoricamente ocupa este semestre a presidência da União. O líder croata não seria atendido por Erdogan, creio.
Entretanto o Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, resolveu convocar uma reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE. Não é má ideia, mas não chega.