Semear descrédito
Vivemos num período de trapalhadas políticas, de lideranças medíocres e de oportunismos descarados. Não será pior do que noutros períodos da história recente, dizem alguns. Não sei se têm razão. Sei apenas que os casos de incompetência e de corrupção se sucedem, aqui e noutros países da Europa. Veja-se o caso Fillon, em França. Ou a enorme rede de abusos de poder na região belga da Valónia, em que certos dirigentes políticos se aproveitaram dos seus cargos para se fazerem nomear – e aos seus acólitos – para a administração de dezenas de empresas públicas, regionais e municipais. Alguns presidentes de câmara ocupavam, em simultâneo, até 30 lugares em diversos conselhos de administração, tudo remunerado mas sem que houvesse uma qualquer prestação efectiva de trabalho.
Em Portugal, as listas de arguidos aumentam todas as semanas. Gente que fora dada como boa está agora com um processo às costas. É verdade que muitos desses processos passam anos a marcar passo. E ficam depois em águas de bacalhau. Mas, entretanto, serviram para desacreditar ainda mais as nossas elites políticas e dos negócios. E isso é meio caminho andado para a germinação do populismo.