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Sobre a França de Emmanuel Macron

Neste dia nacional da França, queria partilhar duas reflexões sobre um país que nos é próximo, para além de ser muito central para o projecto europeu. Ao reflectir sobre um vizinho importante estou igualmente a pensar nos nossos problemas. Aprender, tendo em conta as dificuldades que existem perto da nossa porta, não é má ideia. E tem custos menores.

A primeira diz respeito ao exercício do poder por Emmanuel Macron. Passaram três anos e faltam ainda cerca de 600 dias para terminar o seu mandato. O Presidente é uma pessoa muita inteligente mas politicamente pouco arguta. Não percebeu que a sua eleição se baseou na novidade que ele representava e num voto fracturado e negativo contra Marine Le Pen. Deveria ter transformado a novidade num projecto reformador, que respondesse às preocupações dos mais frágeis e à ambição das classes médias. Não o conseguiu, porque as suas reformas foram vistas como liberalismo económico e favorecimento das elites urbanas mais qualificadas e em melhores condições de tirar proveito da globalização, uma área onde várias grandes empresas francesas jogam a ganhar. A inovação não pode ser associada à exclusão das populações suburbanas e dos residentes nas pequenas localidades de província.

Também não entendeu que fora eleito por uma França profundamente fraturada. As divisões sociais e políticas são numerosas. Dividem os franceses segundo a sua origem familiar e étnica, religiosa, local de habitação, tipo de formação académica, classes de rendimentos, etc. A tarefa principal, há três anos, deveria ter sido a de atenuar e responder a estas divisões sociais. Emmanuel Macron não lhe deu a devida atenção. Hoje, tem uma França mais dividida ainda. Nos quase dois anos que ainda tem pela frente, vai ser necessário tratar deste desafio. Creio, no entanto, que tenha perdido a credibilidade para o fazer.

A segunda reflexão é sobre as forças armadas francesas. O 14 de Julho continua a ser um dia especial, com um desfile militar que procura mostrar o papel central dos militares na afirmação da França no resto do mundo. Assim aconteceu esta manhã, embora com os constrangimentos que a pandemia impõe. A força militar francesa ainda pesa, no contexto europeu. E em certas partes de África, sobretudo no Sahel, onde movem uma guerra contra os fundamentalistas islâmicos desde 2013. Dois anos antes, haviam participado, a mando de Nicolas Sarkozy, na campanha contra Kadhafi, uma decisão altamente controversa, que levou a desestabilização da região e à destruição da Líbia como Estado unitário. Tudo isto para dizer que a política de defesa da França precisa de ser repensada. No que respeita à Europa, em termos de uma contribuição mais clara para o reforço da capacidade de defesa autónoma do espaço europeu. Macron falou da NATO, com palavras muito críticas, mas faltou-lhe a coragem para apresentar um projecto de reforma da Aliança Atlântica. Ora, ele sabe muito bem quais são os problemas que aí existem. Durante uma parte do seu mandato, procurou uma aproximação com o Presidente dos Estados Unidos, como se não entendesse que isso era tempo perdido. O futuro das forças armadas francesas é o de serem um pilar fundamental do projecto de defesa europeia. No que respeita a África, a França não pode continuar a apoiar regimes de legitimidade duvidosa. O seu papel é o de mediar, não o de tomar partido. O alinhamento com uma das partes tem provocado um desgaste enorme nas fileiras e levado a dispêndios insuportáveis. Esta política precisa de mudar de rumo.

Para rematar, diria que seria importante que Emmanuel Macron pudesse ter um fim de mandato com sucesso. É isso que lhe desejo neste dia da França.

 

 

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