Sujar as mãos e troçar do adversário
Uma das razões que me afasta da política partidária tem que ver com os ataques pessoais. Não gosto nem pratico a arte dos ataques contra os autores de ideias e propostas. Discuto, isso sim, quando é caso disso, as opiniões. Mas reconheço que a acção política se faz também e acima de tudo, tantas vezes, com base na demolição da personalidade e no achincalhamento do adversário. E quem é forte e feio nessa habilidade vai mais longe.
É isso que Donald Trump tem feito e continua a fazer. Primeiro contra os 16 outros candidatos do seu próprio campo e agora contra Hillary Clinton. E será provavelmente por esse motivo que poderá vir a ganhar as eleições presidenciais de novembro.
Assim, Hillary Clinton tem que rever a sua maneira de fazer campanha. Não pode ignorar o impacto que a difamação sistemática vinda do outro lado tem. Não precisa de passar uma boa parte do seu tempo a ridicularizar e menosprezar Trump. Mas tem que ir a esse jogo. E as personalidades à sua volta não podem perder uma única oportunidade para cobrir o oponente republicano de ridículo e troça.
Estas eleições não podem ser disputadas com luvas brancas. Nem com grandes devaneios intelectuais, que têm apenas o condão de mostrar que Hillary mais não é do que um rebento de uma elite distante do cidadão comum. Estamos perante uma disputa suja que pede que se arregace as mangas e se meta as mãos na massa.