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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

A cimeira dos BRICS

Teve lugar em Beijing, na quinta-feira e ontem, a cimeira de 2022 dos BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Curiosamente, uma das promessas inscritas na declaração final é sobre o respeito pela lei internacional. A Rússia é certamente um país que não tem qualquer problema em afirmar a sua adesão a esse princípio. Tem, no entanto, sérios problemas quando se trata de o respeitar. 

De Bucha ao colapso do multilateralismo

As atrocidades cometidas em Bucha, a noroeste de Kyiv, chocaram meio mundo. Digo assim, pois esses crimes não apareceram ainda na imprensa chinesa. Mas o mundo que ficou chocado não esquecerá Bucha e muitas outras localidades até agora ainda ocupadas pelas tropas russas. Os factos deverão ser estabelecidos com o rigor possível e as consequências penais desses crimes de guerra terão que ocorrer.

Na UE, e também nos EUA, estas atrocidades provocaram uma nova onda de reacções contra Vladimir Putin e os seus. O fosso entre as partes é cada vez mais profundo. Entramos, em grande medida, numa confrontação que começa a ser vital para ambos os lados. Um conflito desse tipo é bastante perigoso. Quando se entra numa fase dessas, cada lado quer levar o outro à derrota. E essa rota está, neste momento, a ser percorrida de uma forma acelerada. A mediação entre a Rússia e o Ocidente parece estar a tornar-se impossível. Temos aí um risco grande e prolongado.

Um risco que se alastra. O primeiro-ministro do Paquistão, que ia ser derrubado por uma moção de censura do seu parlamento, dissolveu o mesmo, com o pretexto de que se tratava de uma conspiração americana. O vizinho do lado, a Índia, joga a carta da neutralidade, mas mantém uma relação sólida com a Rússia. E mais acima, a China, continua a apostar em tudo o que possa conduzir a uma fractura entre a UE e os EUA. Em África, a África do Sul e outros estão a voltar aos tempos do não-alinhamento, que neste caso, significa não criticar a Rússia.

Entretanto, a Indonésia prepara a cimeira deste ano do G20, que deverá ter lugar em outubro, ou pouco depois. Mas, haverá cimeira? Se a Rússia estiver presente, vários outros Estados não irão comparecer. A confrontação a que assistimos irá provocar o colapso de certas instituições multilaterais.

Homenagem ao Grande Desmond Tutu

Aqui deixo uma profunda homenagem ao Arcebispo Desmond Tutu. Quando tudo passa, a memória que fica desde grande personagem de cariz mundial – foi Prémio Nobel da Paz – é do poder que uma só pessoa pode ter em termos de transformação social. Para isso, como o Arcebispo Tutu nos mostrou ao longo da sua vida, é preciso combinar uma excelente capacidade de comunicação, dizendo as palavras que tocam as vidas dos mais simples, com um exemplo permanente de humildade e de humanismo, sem perder a alegria de viver e a esperança em dias melhores. É preciso ser-se coerente, nas diferentes facetas da vida. Tutu foi um mestre para quem o procurou ouvir. Um exemplo de liderança positiva.

 

Uma situação muito grave em Moçambique

O que está a acontecer no nordeste de Moçambique é muito grave e de uma grande complexidade. O ataque à povoação de Palma foi planeado de modo profissional e executado com uma violência inumana. Uma das conclusões que se deve tirar dessa acção terrorista é clara: há por detrás de tudo isto uma mão organizadora. Ou seja, estamos perante um conflito muito mais sério do que se poderia pensar.

Para já, é fundamental reconquistar o controlo de Palma e arredores. E duas coisas mais: compreender quem é esta gente violenta e fortemente armada; ajudar as autoridades legítimas de Moçambique a resolver o problema. A primeira significa procurar saber quem são, quem os organiza e ao que vêm. Não será fácil, mas é essencial fazer essa análise. Com toda a objectividade. A segunda, relativa ao apoio externo, é um assunto que o governo de Moçambique terá que aclarar. Não se pode impor uma ajuda vinda de fora.

A análise geopolítica

O meu modelo de análise geopolítica inclui o seguimento apurado do comportamento dos investidores. Estudo as decisões de investimento que fazem, nos mercados globais ou nas economias cuja situação política estou a observar. As escolhas que os grandes fundos ou os intervenientes individuais adoptam, em termos de aplicação das suas poupanças e capitais disponíveis, dão-me uma indicação do sentimento colectivo, face às grandes incertezas políticas.

Neste momento, apesar da evolução positiva das principais bolsas, a prudência continua a ser o factor determinante na tomada de decisão de quem tem meios financeiros acima da média. Por isso, nos primeiros meses de 2019, os investimentos em obrigações e títulos semelhantes – instrumentos que oferecem a garantia que o capital inicial não será perdido – continuam a ter a preferência dos mercados. Mesmo sabendo-se que os juros e os rendimentos dessas obrigações são insignificantes. Desde Janeiro, foram aplicados assim, ao nível global, 112 mil milhões de dólares americanos. No mesmo período, os investidores retiraram do mercado de acções cerca de 90 mil milhões de dólares.

Estes números traduzem bem o clima de instabilidade geopolítica que caracteriza as relações internacionais nos dias de hoje. Quer se queira aceitar quer não, um dos factores de instabilidade deriva da imprevisibilidade da governação de Donald Trump. O outro tem que ver com as ameaças económicas que resultariam de um Brexit sem acordo. O Reino Unido é a quinta economia do globo. O grau do terramoto ligado ao Brexit terá um impacto significativo, nesse país e na União Europeia. Uma terceira dimensão tem que ver com a instabilidade existente em várias economias emergentes, produtoras de petróleo – como a Venezuela, a Líbia , a Argélia, ou os países do Golfo da Guiné – ou não. Neste último caso, o que se passa no Brasil, na África do Sul e na Turquia pesa. Como também pesa o modo como a economia chinesa irá evoluir no ano em curso.

Assim vai a geopolítica.

 

 

 

Omar é um velho rato do deserto

O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, encontra-se na África do Sul, para participar na cimeira anual da União Africana. Em 2008, estava eu junto da fronteira com o seu país e de prevenção, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandato de captura contra Bashir, por alegados crimes praticados no Darfur, uma vasta região sudanesa, que faz extrema com o Chade e a República Centro-africana.

Foi um alvoroço. Ninguém sabia como o Presidente iria reagir. E, na verdade, havia muito receio que essa reação pudesse ser violenta, nomeadamente contra a presença das Nações Unidas no seu país. Bashir acabou por expulsar umas tantas ONGs e, à sua maneira bem astuciosa, continuou a fazer a vida impossível à missão da ONU no Darfur.

Desde então, cada vez que viaja ao estrangeiro, o TPI faz pressão sobre os países que o acolhem, para lembrar que existe a obrigação de o deter e despachar para a Haia. Mas Bashir é um velho rato do deserto, muito sabido. Tem conseguido, com o tempo, não só continuar a deslocar-se em África, embora com muita prudência, mas também tratou de virar a opinião das elites africanas contra o TPI. O argumento é que o TPI está sobretudo vocacionado para perseguir líderes africanos.

Hoje, um tribunal sul-africano decidiu que Bashir não pode sair da África do Sul enquanto não for decidido se deve ser ou não capturado. Esta decisão preliminar é extremamente embaraçosa para o governo de Pretória. Todavia, o desfecho imediato é muito previsível. Amanhã, quando terminar a cimeira da UA, o homem pega no seu avião e regressa a Cartum. Pretória irá invocar que o Presidente do Sudão tinha imunidade diplomática, ao abrigo do protocolo que rege as cimeiras da UA e outras similares.

Nisto, quem acabará por perder, para além do TPI, que uma vez mais vê a sua autoridade ser posta em cheque, será a liderança da África do Sul. O caso vai dar mais alguns argumentos a quem se opõe à presidência de Jacob Zuma.

 

A História

Dir-se-ia que estamos a ficar com a memória curta. Vivemos fechados no gulag do imediato, prisioneiros que somos da actualidade que nos é imposta e nos deixa sem espaço mental nem curiosidade suficiente para colocar os acontecimentos importantes numa perspectiva de longo prazo, numa linha que deveria ligar o passado ao presente e ao futuro. A informação disponível é muita, os factos invadem-nos o quotidiano, vertiginosamente. E saem também com rapidez, expulsos por outras notícias. Não obstante, creio ser inquestionável afirmar que o nome de Nelson Mandela ficará na História.

Sobre os BRICS, uma aliança de interesses diversos

O texto que publico na Visão desta semana está agora disponível no site da revista:

 

http://visao.sapo.pt/brics-com-fraco-cimento=f720616

 

A minha tese fundamental é que os BRICS constituem, entre si, uma aliança pouco sólida. Os diferentes países têm interesses estratégicos muito distintos.

BRICS: a minha coluna de hoje na Visão

A cimeira dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – teve lugar ontem e hoje em Durban, a cidade sul-africana que vive virada para o Oceano Índico. Também hoje escrevoo um texto na Visão que saiu ao público e está nas bancas deste esta manhã.

 

O texto ainda não está publicado on-line. Mas pode ser lido através do seguinte link:

 

  http://tinyurl.com/d58f8u8

 

Aconselho a leitura. 

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