O Ano Novo acontece no meio de um clima de incertezas causado pela nova variante da pandemia. As filas frente aos centros de testagem, que começaram há mais de uma dezena de dias e que vão continuar, demonstram a ansiedade que existe, os receios, as interrogações. Muita gente à nossa volta está afectada ou em isolamento. Quem tem de viajar de avião não sabe, até ao último momento, se o poderá fazer.
Esta situação vai durar mais algum tempo. Um tempo indeterminado. Terá, muito provavelmente, um impacto psicológico sobre as pessoas, quer se tenha consciência disso quer não.
Em finais de Novembro, Jens Spahn, que era então o ministro da saúde da Alemanha, disse uma frase que resume bem os riscos existentes: “No final deste inverno, cada pessoa na Alemanha estará ou vacinada, ou recuperada ou terá morrido”. Este aviso, que na altura pareceu exagerado, tem hoje um significado mais fácil de apreender.
Infelizmente, ainda temos pessoas que não se querem vacinar. Neste primeiro dia de 2022, o melhor voto que posso fazer é que mudem rapidamente de postura.
A expansão extremamente veloz da variante Ómicron está a causar o caos em várias partes da Europa. Para mais, com o pico dos casos coincidir com a época natalícia. Falava agora com alguém em Sevilha que me dizia que a capacidade de testagem está a rebentar pelas costuras. Quem tem os sintomas tem de esperar vários dias até conseguir fazer o teste. Entretanto, confina-se meio mundo. O outro meio só sai para fazer o essencial e pouco mais.
Será isso que nos espera do nosso lado da linha da amizade?
A minha amiga F.O. é professora no King’s College de Londres. Tem pouco mais de quarenta anos de idade, foi vacinada com as duas doses e mais o reforço da vacina contra a Covid-19. Não se mete em aventuras ou situações de perigo. Mesmo assim, foi contagiada com a nova variante Ómicron.
Contou-me hoje, já livre de perigo, que sofreu terrivelmente e que não deseja nem aos seus piores inimigos – não sei se os tem – que sejam infectados por esta ou qualquer outra variante. Acrescentou que o seu exemplo mostra que mesmo com as vacinas todas é fundamental seguir as medidas de precaução aconselhadas pelas autoridades sanitárias.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. Escrevo sobre as ameaças mais imediatas: o Irão, a Rússia e o Ómicron. Deixo outras, que considero um pouco mais distantes, mas igualmente muito sérias, para uma outra ocasião. Aí estarãoTaiwan, os mercados financeiros e os impactos que vão ocorrendo das alterações climáticas. Cito de seguida umas linhas do escrito de hoje.
"Por outro lado, o novo governo iraniano tem estado a acelerar o seu programa de enriquecimento de urânio, em clara violação do Plano de Ação de 2015. Neste momento, já acumulou suficiente material físsil para poder produzir várias armas nucleares. Em simultâneo, acelerou a produção de mísseis balísticos e de meios aéreos capazes de transportar uma carga nuclear. Tudo isto é muito grave e levanta muitas bandeiras vermelhas nos sítios do costume."