Já cheira a fim do ano. Os meus amigos passam agora mais tempo a enviar mensagens de felicidades do que a tratar dos seus negócios. E dizem que acreditam que 2021 será um ano melhor do que este que está a acabar. Ainda bem que há esperança. Mas a verdade é que 2020 tem sido um ano histórico. Não por boas razões, mas histórico apesar de tudo. E temos a felicidade de o haver vivido e completado. Vamos, no futuro, poder falar do que aprendemos em 2020.
Entretanto, desejo a todos e a todas uma boa passagem de ano.
Canibal rima com Natal. Mas isso não explica a razão que me levou esta manhã a dizer a quem me quis ouvir que me tinha transformado, durante a noite de consoada, num canibal. Também não meti medo a ninguém. Nem era essa a intenção. Um canibal da minha idade já não faz mal a uma mosca. E a idade também faz com que o apetite não seja muito grande. O jantar de consoada foi ligeiro. E o almoço de Natal também. Modesto, na verdade. Quando comparei o pouco que engoli ao que os meus amigos glutões paparam fiquei a pensar que afinal o meu novo estado de canibal era mesmo e apenas uma fantasia. De confinado, diria um amigo meu. Respondi que talvez fosse apenas uma maneira de responder de um modo inabitual e imprevisto a um Natal que foi muito diferente do que é tradicional. Ou uma maneira nova de desejar a todos um Feliz Natal.
A minha coluna de opinião desta semana, no DN em papel, que ontem foi posto à venda, olha para os próximos quatro meses que faltam para terminar o ano. A pandemia e as eleições presidenciais americanas serão as duas principais determinantes, com toda uma série de consequências, de grande complexidade e cheias de incertezas.
O texto contém várias mensagens, que não escaparão às mentes atentas. Mas, acima de tudo, sublinha a importância das lideranças, que podem empurrar os acontecimentos num sentido ou no outro. E lembra-nos que em política nada deve ser dado por adquirido. Perde quem mostra excesso de confiança e pouco apreço pela capacidade de luta do adversário.
O DN deve permitir o acesso livre ao meu texto amanhã.
Foi um mês de Março devastador. Ficará na história.
Abril será muito difícil, a situação poder-se-á complicar muito mais. Mas também poderá ser um mês de transição, de progressivo controlo da crise. As grandes incógnitas têm que ver com o que poderá vir a acontecer nos países em desenvolvimento, em particular no Continente Africano, e nos campos de refugiados. Aqui, nestes casos, será preciso ouvir a voz das Nações Unidas e mobilizar a ajuda internacional. Tanto quanto possível, o que não vai ser fácil. É fundamental que se fale disso.
A mensagem de Ano Novo do Presidente da República vale a pena ser ouvida. Breve, vai directamente às grandes preocupações que Marcelo Rebelo de Sousa vê perfilarem-se em 2020. A saúde, a segurança, a coesão e a inclusão sociais, a ênfase numa sociedade baseada no conhecimento e,ainda, a questão do investimento.
Por detrás das palavras, o Presidente diz-nos que o Sistema Nacional de Saúde está com muitas dificuldades e que a segurança das pessoas não é tão boa como certos arautos do poder nos querem fazer acreditar – e eu, que sei um pouco de segurança, continuo a pensar que o país tem um grau de insegurança que merece mais atenção. Também nos lembra que as desigualdades sociais e a pobreza são uma realidade nacional, que a economia precisa de mais competências e de mais, bem mais, investimentos, públicos e privados.
Estas prioridade não nos podem fazer esquecer outras. Mas já seria óptimo se, neste ano que agora começa, se começasse a dar-lhes mais atenção.