Abrangências
Temos em circulação, nesta cidade de Lisboa, um novo “manifesto”, subscrito por mais de setenta personalidades. O que sei deste documento -"Despesa Pública menor para um Futuro melhor"- é positivo. Vale a pena ler, tem ideias e informação.
Mas, na situação actual, há que ter em conta duas ou três preocupações.
Quem subscreve estas coisas deve ter um mínimo de credibilidade social e política. Quem assina agora, a propor o que não fez no passado, quando tinha poder político, perde peso e impacto. Abre a porta à crítica fácil. Fragiliza o projecto.
Depois, há que ser abrangente. Não podem ser sempre os mesmos e apenas os mesmos, nem ser apenas gente de uma tendência política, sem abrir espaço e cooperação a quem representa outros horizontes. Deve haver moderação, é verdade, e preocupação patriótica, assim será igualmente, mas estas características encontram-se hoje à direita e à esquerda do horizonte político nacional.
Abrangência é essencial, nesta fase da nossa vida colectiva. Há que congregar, que para nos dividir já temos políticos que bastam.
Mais ainda, é fundamental colocar o enfoque na modernização do Estado e da economia. Um Estado que responda às necessidades dos cidadãos e uma economia que gere emprego, oportunidades, valor e qualidade. Sem esse tipo de economia não há maneira de ter um Estado funcional. Nem de sair da crise.