Hoje, a saga do novo aeroporto de Lisboa voltou à baila. A decisão do governo é difícil de entender. E por isso fica a pergunta: por que razão não se avança tão rapidamente quanto possível para a solução de Alcochete?
A questão subsidiária é sobre a necessidade da solução intermédia. Será mesmo necessário passar pelo Montijo, por uns tempos, enquanto se pensa no arranque de Alcochete?
Hoje, vi passar pela frente dos meus olhos toda uma série de mails sobre o novo aeroporto de Lisboa. Cada um defendia uma opção, entre o Montijo, Alcochete, Ota e assim sucessivamente. E atacava os diferentes governos das últimas décadas, a começar pelo de Guterres, nos anos 90.
Não me meti ao barulho. Trata-se, a meu ver, de mais uma história triste, que me faz duvidar da nossa capacidade de pensar de modo estratégico e com o futuro em mente.
Independentemente do que se diga sobre a decisão de construir um novo aeroporto de Lisboa no Montijo – e há muito para dizer, incluindo uma melhor explicação por parte do governo sobre as razões desta escolha – , não convirá esquecer que um dos principais estrangulamentos do aeroporto actual, na Portela, tem que ver com a falta de agentes do SEF em número suficiente, às horas de ponta. Os passageiros provenientes de países exteriores ao espaço Schengen são confrontados, a certas horas do dia, com longas, longuíssimas, filas de espera, que enchem o hall que dá acesso ao controlo de passaportes. Depois de muitas horas de voo, entram na etapa final, que é um exercício que parece destinado a testar a paciência de quem quer entrar em Portugal. Um teste que pode demorar uma hora, ou mais, antes de se conseguir passar a barreira do SEF.
Convém sempre ouvir os economistas. Nenhum político pode ignorar a opinião dos economistas. Mas, em seguida, o verdadeiro líder tira as suas conclusões e decide. Com uma vista ampla, que certos projectos são para o longo prazo. Cabe ao político sair da visão normal das coisas e prever o que outros não conseguem antever.
Lembro-me de que os economistas haviam previsto, no início de Século XX, que por volta de 1950, as ruas de Londres deveriam ter cerca de dois metros de altura de esterco. Tal era a progressão, em 1900, das carruagens puxadas por cavalos.
É o problema das bestas.
Portugal precisa de continuar a sua modernização. Precisa de um novo aeroporto internacional que sirva a zona de Lisboa. Precisa de trens rápidos. Precisa de uma infra-estrutura informática generalizada. Tem que oferecer meios do Século XXI se quer ter uma economia virada para o futuro. Tem que ser um país que chame o investimento.
Ousar fazer é ousar vencer. Os tímidos afogam-se nas suas penas.