Na continuação, aqui acrescento mais imagens de uma Bangui, cidade no coração de África, esquecida no centro de um Continente que muitos gostariam de esquecer.
A República Centro-Africana, onde vamos ter em breve 300 militares das Nações Unidas, fortemente armados, mais todo o apoio logístico necessário, e' um país a tentar sair de uma grave crise politica e uma situação de insegurança generalizada.
Os capacetes azuis vão estar no sector que faz fronteira com o Darfur.
Rua principal da cidade de Bangui, com o largo central ao fundo.
Outra rua, frente ao gabinete do Primeiro Ministro. As casas encontram-se no meio das 'arvores. O verde e' a cor dominante. Em breve será o tempo das mangas.
O movimento do bairro do Quilometro 5. Os táxis, num amarelo que enche os olhos, não conhecem um momento de pausa. A vida e' vivida depressa, que a tendência e' para morrer cedo.
Gentes do centro das terras africanas. A prova de que o nosso mundo tem que ser vista com as lentes da diversidade.
Hoje passei o dia em Bangui, uma cidade onde vivi durante quatro anos na década de 80.
Os portugueses que viajaram comigo ficaram encantados com a cidade, as suas árvores, a vida nas ruas, a vivacidade das gentes, o rio Ubangui e o Congo Democrático do outro lado das águas vivas .
Um dos meus agentes de segurança, da PSP, já não queria voltar para N'Djamena, pois Bangui e' muito mais africana do que a ' árabe ' capital do Chade.
E' uma cidade dos trópicos, de arvores, águas e muitos amores.
Aqui vão as primeiras fotografias de Bangui. Amanhã haverá mais.
Este Arco de Triunfo, que recentemente visitei no deserto do Ennedi, na fronteira entre o Chade e a Líbia, tem todo o cabimento no dia histórico da tomada de posse de Barack Obama.
A entrada em funções do novo presidente americano enche de azul os céus do Inverno.
A greve dos professores, que ontem teve lugar, fez-me pensar numa escola secundária que visitei recentemente, muito longe do Centro Comercial Colombo. As autoridades locais e os professores tinham perfeita consciência das lacunas, mas, ao mesmo tempo, manifestavam uma vontade sem equívocos de fazer funcionar a escola.
Creio ser boa ideia partilhar algumas fotos com os leitores, para que se continue a ter uma perspectiva adequada da relatividade das coisas da vida.
Aqui se abriga o gabinete do director. O local serve igualmente de secretaria administrativa.
A bandeira nacional ficou fora da fotografia, mas flutua orgulhosamente no centro do recreio, a acenar para um futuro menos penoso.
Os bancos de uma sala de aulas. Aqui se aprende a ter ambições.
O tecto e as janelas. Deixam passar muita luz.
Os alunos do Decimo Segundo Ano têm direito a carteiras. São os únicos.
O aproveitamento e' bom, a disciplina impecável, e os professores apenas se queixam do facto de ser necessário deslocarem-se 'a capital da região, a três horas de distância, para receberem os salários mensais.
Na VISÃO desta semana escrevo sobre as duas vertentes que orientaram a política africana da Administração Bush: combater o terrorismo, com uma atenção especial centrada nas regiões definidas pelo deserto do Sahara e pelo Sahel; e assegurar o acesso a fontes importantes de produção de petróleo em África, tendo sobretudo em conta a concorrência vinda do lado da China. Pequim apareceu em África, nos últimos anos, com um peso enorme, e uma grande preocupação pelo controlo das fontes energéticas.
As questões do desenvolvimento, dos direitos humanos e da boa governação foram perdendo importância na agenda dos Estados Unidos, desde o início da década.
O desafio, para Obama, e' o de voltar a focar as atençõoes nas questões centrais que são a democracia, os direitos humanos, a luta contra a pobreza e a melhoria da saúde pública e da educação em África.
Ontem não deu para escrever. Foi tempo de visitas.
Primeiro, uma delegação norueguesa conduzida pela Ministra da Defesa e incluindo um general e outros oficiais superiores, conselheiros políticos e diplomáticos, segurança pessoal e pessoal navegante. A Noruega vai fornecer à missão das Nações Unidas no Chade os serviços de uma companhia médica militar, durante todo o período da nossa intervenção no país.
A Noruega é uma nação rica e ao mesmo tempo generosa. A cooperação desse país com África é altamente apreciada. Dá a Oslo um poder nas relações internacionais que é muito superior ao que seria de esperar de um pequeno país, perdido nos confins da Europa.
Depois, horas a fio com cerca de vinte deputados europeus, com assento em vários parlamentos nacionais, incluindo o francês, britânico, alemão, austríaco e belga. É importante falar com os representantes parlamentares, explicar os nossos objectivos na região que rodeia a crise do Darfur. Como também é de grande valor organizar estas visitas sobre o terreno, que permitem um melhor conhecimento das realidades geopolíticas.
Embora os parlamentos nacionais estejam actualmente muito desvalorizados, a verdade é que os deputados podem desempenhar um papel de relevo, se tiverem a preocupação de o fazer.
Com dois dias de viagens no deserto do Sahara na minha frente, começando pelo oásis de Fada, uma terra de maravilhas, palmeiras, agua, animais e seres humanos no meio das areias mais inóspitas que se possam imaginar, queria partilhar um pouco das cores que trouxe da viagem do fim-de-semana passado, na zona Sul do Sahel, uma zona de transição entre as securas das terras e as fertilidades da natureza.
Quando os homens são duros a natureza ajuda a suavizar os que procuram a paz.
Flores de um Inverno seco.
Zona de transição, entre o Sahel e o Sahara.
Mais cores na luminosidade dos dias de Inverno muito azuis.
A equipa das Nações Unidas que ontem se perdera no Sahara foi hoje sobrevoada por um helicóptero líbio e localizada fisicamente.
A cooperação das autoridades da Líbia foi excelente. Pouco a pouco, os serviços de segurança líbios foram servindo de guias 'a coluna dos 53 camiões de alimentos que vinham do porto de Bengasi, no Mediterrâneo, e que a minha equipa deveria ter encontrado na fronteira com o Chade, mas que havia perdido de vista. Os primeiros veículos chegaram esta tarde ao local onde a equipa perdida se havia refugiado. A velocidade de circulação dos camiões foi hoje de cerca de 15 km por hora.
O encontro com a coluna de camiões foi crucial. Os pesos pesados traziam água e combustível, sem os quais a equipa não conseguiria voltar 'a base no Chade.
Entretanto, ao fim do dia , surgiu um novo problema. A equipa e a coluna de camiões, agora constituindo um único comboio, foram interceptadas por rebeldes sudaneses do Movimento Justiça e Igualdade (JEM). O s rebeldes exigem ser eles a fazer a escolta do comboio, e não os militares chadianos. A noite acabou por cair, sem que a questão fosse resolvida. Mas e' evidente que não podemos aceitar a 'oferta' de protecao.
O impasse terá que ser resolvido amanhã. Só que os rebeldes tem certos apoios políticos na região, incluindo ao nível do Sultão local...
Jovem pastor Bororo, vestido como de costume, quando se guardam as vacas, mas também quando está na altura de captar uma noiva proveniente de uma família de grandes posses, em termos de gado bovino.
Na sociedade Bororo, um povo nomada Fula, de um sub-grupo etnico que circula entre o Niger, o Chade, os Camaroes e a Repuublica Centro-Africana, os rapazes em idade de casar aparamentam-se e pintam-se a rigor. Depois de dancarem em frente das raparigas casadoiras, alinham-se e estas procedem à escolha dos futuros maridos, numa grande festa que reune todo o cla.
Cavaleiro árabe, dono de vastos rebanhos de camelos. Como todos os homens a cavalo, sabe que está acima da média.
Contraste com o pobre cavaleiro Bororo, senhor de uma pequena besta e vítima dos muitos conflitos com os agricultores, por cujos campos passam os seus bovinos maratonistas...
O soba do Lago, chefe de muitos chefes tradicionais, mais o chefe da polícia local.
O chefe da polícia é um Gorane do norte do Chade, no deserto que faz fronteira com a Líbia, nas terras frias das noites geladas do deserto sem fim.
O patrão da sociedade de transportes locais, homem de muitas cargas, muitos burros e pouca prata.
Os comerciantes vindos da fronteira com o Sahara.
O homem das pescas, um solitário dos céus azuis e das águas cor do além.
O Lago abre caminhos de navegação para a Nigéria, Niger e Camarões, sem contar com muitas partes do Chade Ocidental.