A situação social que se vive em França, à volta da questão da idade da reforma e do regime de pensões, é absolutamente incompreensível. Passar dos 62 anos para os 64 não é novidade nenhuma no resto da Europa. A idade da reforma, na maioria dos países, anda à volta dos 65 ou mesmo um pouco mais. Nesses países a questão é pacífica.
O link acima abre o meu texto de hoje -- desta semana -- no Diário de Notícias.
O texto é um alerta para a crise política e societal que se vive actualmente em França. O ponto de partido assenta numa tomada de posição sobre a situação do país, que foi tomada por um número significativo de oficiais generais na reserva bem com outras altas patentes, essas já reformadas.
Cito de seguida umas linhas dessa reflexão.
"Foi neste contexto que apareceu há dias uma carta aberta, assinada por 24 oficias generais na reserva e por uma centena de oficiais superiores e mais de mil militares de outras patentes, com um ou outro ainda no ativo e o resto, reformado. A carta, publicada na revista ultranacionalista Valeurs Actuelles, parecia querer servir de alavanca para reforçar as posições da direita radical. Foi vista pelo governo e por muitos com estupefação e como um apelo a um hipotético golpe de Estado."
O medo sempre foi mau conselheiro. Leva-nos a fazer disparates, a acreditar em burrices, e maluquices, e a entrar em pânico. O dirigente político que usa o medo como alavanca, das duas, uma: ou é curtinho da cabeça ou demagogo. Nalguns casos, será ambas as coisas.
Numa crise grave, o papel do líder passa por manter a calma e conseguir o empenho de todos, cada um à sua maneira e como pode, na resolução do problema. Liderar é saber unir os esforços e criar esperança.
Nas nossas sociedades europeias, não há uma compreensão política clara do que significa a precariedade, apesar de ser uma situação vivida quotidianamente por muitas famílias. A política vive num mundo à parte. Deixou de ter raízes nos problemas dos mais pobres. Perdeu o contacto com quem se sente profundamente inseguro.