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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

A greve de Air France

A greve dos pilotos de Air France entra na segunda semana, sem se perceber bem por que razão. Os transportes aéreos estão em evolução constante e a competição é de cortar à faca. Mais tarde ou mais cedo será preciso ter em conta as realidades. Air France não pode ter custos, incluindo custos salariais, que a tornem incapaz de competir com outras companhias que oferecem um serviço semelhante.

 

Warren Buffett, o guru dos investimentos bolsistas americanos, diz que que comprar acções de companhias de aviação é um erro que ele não pratica. A tendência é para a desvalorização dessas acções, para que se perca parte do dinheiro empatado, sobretudo quando se investe nas chamadas companhias de bandeira. Não sei se valerá a pena dizer isso aos pilotos de Air France.

 

Entretanto, recordo que a companhia low-cost que Air France quer estabelecer deverá operar a partir de Portugal e, a outra parte, da Alemanha. Interessante. Low cost, aqui e para lá do Reno.

Disfuncionalidades

Embarquei recentemente através do aeroporto Charles de Gaulle (CDG), em Paris.

 

Havia mais de dois anos que não passara por CDG. Os serviços de apoio aos passageiros estão agora menos eficientes. Para quem viajava para fora da Europa, da Ásia às Américas, incluindo os muitos que seguiam para África, havia apenas um sector de check-in aberto, com meia dúzia de balcões, no terminal 2E. O meu voo partia do terminal 2F, bem afastado que está, outros passageiros, com outros destinos, teriam que embarcar noutros terminais, mas todos tínhamos que fazer o registo das malas e obter o cartão de embarque num desses seis miseráveis balcões, no 2E. A fila de espera era tão longa que demorou uma hora e vinte minutos a ser percorrida, apenas para deixar as malas. Isto em Classe Económica. Para quem viajava em Executiva ou Primeira, havia um sector logo ao lado, também com cerca de seis balcões, mas praticamente sem passageiros. Mas de acesso interdito aos simples mortais que se deslocam em "Classe Sardinha". 

 

A concentração de todos os check-ins num só sector é uma medida de poupança, percebi…

 

Claro que isto atrasou toda uma série de voos de longo curso, incluindo o meu. Saiu, no que me respeita, uma hora após o horário. Estes atrasos têm custos muito elevados. Muito maiores do que as miseráveis economias efectuadas na área do registo de bagagens.

 

Não dá para entender, à primeira vista.

 

Mas a verdade é simples: o check-in é da responsabilidade de uma empresa, Aéroports de Paris; os voos são por conta das companhias aéreas…

 

Ou seja, poupo eu, pagas tu!

Horizontes fechados

 

N'Djaména está sem ligações aéreas com o resto mundo desde Quinta-feira. Completamente isolada. Sucessivas tempestades de areia e de pó fino fecham o horizonte e paralisam a vida quotidiana. As casas, as máquinas, as pessoas, está tudo com uma camada de pó, como se fosse uma nova pele, bem espessa, que se viesse sobrepor ao coiro duro que a natureza nos deu. O pó não pede licença para entrar no íntimo das nossas vidas. Penetra por todos os orifícios, enche-nos a boca e a os miolos, fica tudo emperrado, com o sabor da terra seca a dominar-nos o pensamento.

 

Só quem tenha experimentado este tipo de fenómenos climáticos pode compreender o que é viver no meio de nuvens de poeira.

 

A minha viagem de regresso, prevista para amanhã, está agora suspensa no ar pesado que sopra dos desertos. Será que vou poder voar? Hoje à noite, o prognóstico é muito negativo.

 

 

Um aniversário à bomba

 

Passei o dia a viajar para África e para uma nova etapa, na minha vida.

A viagem, feita com Air France, não foi nada de especial. O menu da "Classe Affaires" é o mesmo de sempre, não mudou nem no sal, nos últimos dois anos. O serviço continua a ser feito da mesma maneira que é hoje a norma na TAP e na Europa: o cliente não conta, é apenas mais uma maçada. Dir-se-ia que o pessoal de cabine preferiria um voo sem passageiros. Dá menos trabalho e permite aos tripulantes uma conversa sem interrupções.

 

A nova etapa de vida, é a do sex... A partir de hoje, sou sexagenario. Uma espécie de velho do Restelo, que é onde paro de vez em quando.  Mas, um velho de muitas viagens. No TGV, venderam-me um bilhete sénior, que agora a idade já dá direito a desconto.

 

Ao chegar a Paris, havia um alerta à bomba no aeroporto. Explodiu. O estrondo foi o do explosivo da polícia, que o objecto suspeito era uma pequena mala de roupas, talvez prendas de Natal, para alguma família africana. Foi uma maneira bombástica de celebrar o meu aniversário. Fico grato. Mas creio que a gratitude vai, sobretudo, para quem vê terroristas e atentados em cada canto da vida. Estes são os tempos de agora.

 

 

 

 

Auto-retrato a bordo de Air France

 

Copyright V. Ângelo

 

Estou novamente a bordo de Air France, a caminho da África Central, num velho avião que é o machibombo diário dos trabalhadores Texanos do petróleo. Faz a rotação entre Paris e N'Djaména, os homens voltam aos campos de exploração do ouro negro. Os assentos --melhor diria, as banquetas --que restam são vendidos ao preço do verdadeiro ouro aos pobres diabos como eu. 

 

Na semana passada, na viagem em direcção ao Norte, a companhia teve a graça de me perder a mala. Entrámos em N'Djam'ena com bagagem, saimos em Paris de mãos a abanar. Como não houve nenhuma paragem pelo caminho, deve ter caído por um buraco da fuselagem. Apareceu três dias depois, penso que morta de sede, que atravessar o deserto não é para menos, em Zurique...Não há dúvida que mesmo em tempo de crise profunda, muitos dos caminhos de África vão dar aos bancos Suíços, ou pelo menos, aos principais centros financeiros.

 

Entretanto, eu estava em Nova Iorque... 

O avião a coxear à direita

 

 

Copyright V. Ângelo

 

Noite de viagem. No desconforto de Air France, num avião com lugares a preços de roubo e com a comodidade de um banco de pau. Falo na classe de cima, que a secção sardinha leva o pessoal todo enlatado.

 

Grandes negócios. A mania de quem pensa que ainda conta à maneira grande e não vê a concorrência a surgir de todos os lados.

 

Vou a coxear, que a minha direita está sem forças.

 

E hoje, não há política, que os tempos não dão para folias, nem para loucuras.

 

 

A congelar, graças à SNCF e à Air France

Voltei hoje de Nova Iorque, via Paris, e estou furioso com os caminhos de ferro franceses (SNCF) .

 

As três horas que tive que esperar pela ligação do comboio TGV, em Roissy, foram três horas a congelar, no átrio da estação. A área de espera em Roissy está totalmente exposta ao frio, sem qualquer tipo de conforto ou de condições, a Air France não tem uma sala para os passageiros que estão em trânsito das ligações aéreas para o comboio, o hall da SNCF é absolutamente insuficiente e sem um mínimo de condições, há apenas um estabelecimento que vende umas sandes mal preparadas, num local pouco limpo e ainda menos convidativo, é tudo uma falta de consideração para com os passageiros.

 

A única faceta que funciona bem é o preço excessivo dos bilhetes.

Hoje fazia tanto frio em todos os cantos do hall da estação que até os habituais carteiristas que aí operam de modo intensivo e regular desapareceram do local. Não dava para aguentar.

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