Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. O texto começa assim:
"A minha neta e os seus colegas de turma estão na casa dos treze anos de idade. São a franja mais jovem do que se convencionou chamar de Geração Z, os nascidos, já com um telemóvel na mão, entre 1995 e 2010. Frequentam uma escola belga que está inserida num meio internacional. Há alunos de várias nacionalidades. Tendo presente o contexto físico em que a escola se situa e o facto dos pais estarem em geral ligados a questões de defesa, seria expectável que estes adolescentes tivessem a questão da Ucrânia e os receios que Vladimir Putin causa como temas principais das suas conversas e preocupações. Não é assim."
António Guterres discursou hoje, perante a Assembleia Geral da ONU, para partilhar a sua visão sobre a situação mundial actual e os seus planos para 2023. Foi um discurso claro e alarmante. O Secretário-Geral mostrou-se muito preocupado com o estado do mundo, que está a caminhar rapidamente para uma grande catástrofe. Mencionou, nomeadamente, o risco de uma guerra nuclear, o agravamento das questões ambientais e da pobreza, a falta de visão a longo prazo. E disse sem ambiguidade que essa falta de visão é propositada, que se vive a pensar no dia-a-dia. Não há nenhuma preocupação com o futuro nem com os direitos das pessoas mais frágeis.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
"No caso português, foi aprovada a Lei de Bases do Clima (Lei nº 98/2021, de 31 de dezembro), mas falta lançar um debate nacional sobre o problema. Ora, em virtude da sua localização geográfica, todo virado para o Atlântico e a dois passos do Sahel, Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis em matéria de alterações climáticas. Está sujeito a longos períodos de seca, à contínua desertificação de partes do território nacional, incluindo às poeiras vindas do Norte de África, à erosão e a tempestades marítimas, à ocorrência de incêndios de grande envergadura, bem como a um caótico, primitivo e ganancioso desordenamento do território. No seu conjunto, este é um tema que por sistema não aparece nas discussões que têm lugar na nossa praça pública. Por que será?"
Se a Nova Ordem Internacional reconhecer regimes ditatoriais como modelos, só porque são grandes potências – estou a pensar na China e na Rússia –, então deixem-me continuar na ordem actual, que reconhece as liberdades individuais e os direitos humanos. Na verdade, a ordem mundial que quero ver estabelecida é uma que respeite as pessoas, que lhes permita viver em paz e segurança, e com dignidade. Por isso, é fundamental lutar pela primazia dos valores sobre a força, pelo valor da vida de cada cidadão e pela necessidade de aprofundar a cooperação internacional. E o respeito pela natureza, pelo equilíbrio ecológico, pela renovação dos recursos naturais.
É nesse sentido que o mundo pós-pandemia e pós-agressão russa deve evoluir. É isso que os cidadãos de Myanmar, do Burkina Faso, da Nicarágua, da Síria, da Ucrânia, da Rússia e muitos outros ambicionam.
Acho importante que se debata o que significa construir um mundo novo.
O combate às alterações climáticas está a ser feito de forma sincera pelos diferentes países, ou os interesses nacionais sobrepõem-se mesmo quando a ameaça é global?
Não podemos ter ilusões. As grandes questões internacionais, mesmo as mais prementes como é o caso do combate às alterações climáticas, são sempre vistas pelos políticos a partir do prisma nacional. Os políticos nunca se esquecem que são eleitos pelos seus concidadãos e não pelas grandes assembleias globais que se reúnem aqui e acolá para discutir temas de impacto mundial. Apesar disso, penso que existe uma crescente pressão nacional, em muitos países, e na arena internacional também, para que as questões do ambiente e do clima façam parte das agendas nacionais e globais. Os movimentos de cidadania, com um notável papel desempenhado pelos jovens, os poderes ao nível municipal e local, as grandes empresas e certos partidos políticos têm feito avançar a ação climática. A COP26 correu melhor do que era esperado. Mas há sobretudo que acelerar o passo e continuar, quotidianamente, a insistir na urgência de um novo tipo de energias e de uma relação mais equilibrada entre a economia e a natureza.
Hoje publiquei o meu texto semanal, no Diário de Notícias. Trata-se de mais uma reflexão sobre as coisas de agora, os grandes perigos que ameaçam a paz, a estabilidade e a vida das pessoas.
O link que se segue permite uma leitura do texto. É verdade que este não é um serão para grandes leituras. Mas haverá certamente quem se interesse, amanhã, depois das festas, por uma reflexão deste tipo.
O link acima abre o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
Com a conferência sobre o clima à vista, tinha que escrever sobre o assunto. Infelizmente, as expectativas não são muito altas, numa altura em que é mais urgente que nunca levar a cabo as medidas já conhecidas e que permitem reduzir o contínuo aquecimento global.
Faço uma especial referência a África, para mostrar que o desenvolvimento desse continente passa pelo investimento nas energias renováveis, de modo a permitir a electrificação de uma região que continua às escuras e que não se consegue desenvolver ao ritmo a que tem direito e que é possível.
Hoje e há muitos anos nesta data, as Nações Unidas dizem-nos que é o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. E agora, com o impacto da pandemia, temos cerca de 120 milhões de pessoas que, durante o ano passado, foram aumentar as fileiras de quem é extremamente pobre. Destes novos “extremamente pobres”, 60% vivem na Ásia do Sul. O número global de pessoas em situação de extrema pobreza estará agora à volta de 800 milhões. Estas pessoas vivem com menos de 1,64 euros por dia e per capita. O objectivo de erradicar a pobreza por volta de 2030 parece actualmente impossível de realizar.
De um modo geral, a proporção de pobres é maior entre os mais jovens. Uma situação essas provoca instabilidade, insegurança, radicalização e movimentos migratórios em massa. Também se constata que as mulheres são em geral mais pobres, criando-se assim uma situação de dependência, de fragilidade e condições que permitem o abuso e a exploração das mulheres.
Uma outra nota que se deve sublinhar neste dia: as alterações climáticas, que resultam sobretudo da industrialização e do modo de vida dos povos nos países mais desenvolvidos, irão sobretudo afectar os mais frágeis, nos países mais pobres.
Estamos a três semanas do começo da COP26. Falei hoje com alguém que está a preparar a participação dos Emirados Árabes Unidos nessa reunião de alto nível sobre as alterações climáticas. E, durante a conversa, surgiu a pergunta que eu temia e para a qual não tinha resposta: quais vão ser as mensagens que Portugal irá levar para a COP2 em Glasgow?
Também tive de confessar que a comunicação social portuguesa não tem mostrado grande empenho no assunto. Não aparecem entrevistas, não se publicam artigos de opinião, não se pergunta ao governo nada sobre a matéria. Não há debate público. Parece não haver nem interesse nem consciência da importância do que se está a passar ao nível do clima global, do meio ambiente e das implicações muito sérias que resultarão se não se corrigir a direcção que as coisas têm tomado nas últimas décadas.
Começa amanhã a 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Uma boa parte das comunicações serão por via digital. Mesmo assim, teremos alguns líderes em Nova Iorque, para além de Joe Biden. A União Europeia estará representada em excesso, dirão alguns – Ursula von der Leyen, Charles Michel e Josep Borrell. De qualquer modo, a mensagem vinda de Bruxelas é clara: a UE quer aprofundar o seu relacionamento com o sistema das Nações Unidas e apoia a agenda do Secretário-Geral. Sobretudo no que diz respeito à expansão das campanhas de vacinação aos países mais pobres e na área do clima. Em ambos os casos, a equipa que lidera as instituições europeias tem tido um comportamento bastante construtivo.
Emmanuel Macron não estará em Nova Iorque. Trata-se de uma decisão anterior à crise actual à volta dos submarinos. Mas calha bem. Seria difícil ter um encontro pessoal com Joe Biden, neste momento. A França sente-se profundamente ofendida com o que aconteceu e a maneira como aconteceu. Está prevista, para um dia desta semana que ainda não parece definido, uma conversa telefónica entre os dois presidentes. É melhor começar o tratamento da questão desse modo. Veremos, no entanto, o que será dito durante esse telefonema.
Uma jornalista do Diário de Notícias, Susete Francisco, uma profissional por quem tenho muito apreço, perguntava-me hoje que mais-valia tem o discurso do Presidente Rebelo de Sousa na Assembleia-Geral. Sublinhei que sim, que existe uma mais-valia. É importante ver o Chefe do Estado donde provém o Secretário-Geral apoiar a agenda que este propõe. Nestas coisas, o simbolismo conta, mesmo quando não passa de um eco. O eco amplia a mensagem.
A situação internacional está bastante complicada. A tendência é para que se complique ainda mais. Nestas circunstâncias, é preciso lembrar a todos o papel que as Nações Unidas podem desempenhar. E não apenas no domínio humanitário. A organização existe para resolver questões políticas e para salvaguardar os direitos de cada pessoa. É a partir daí que se deve construir a agenda internacional.