Estive ontem em Ansião e Penela, no centro de Portugal. São ambas as localidades sedes de município. E até parecem ser geridas com algum cuidado. Mas o que mais me impressionou foi a sua dimensão bastante reduzida bem como a vida parada que se vive nessas terras. Pacato é uma coisa, falta de animação é outra bem diferente. Quem por aí fica acomoda-se e aceita. Ou então, dorme aí mas vai trabalhar o seu quotidiano em Pombal ou em Coimbra.
Passei o dia entre Pombal e Ansião, a apreciar o dinamismo daquelas gentes e a aprender a falar uma nova língua, cada vez mais frequente nessas terras, sobretudo nos meses do Verão. Um língua que mistura o português com um francês desenrascado. Resulta da emigração de muitos para as terras do além-Pirenéus, um movimento que data dos inícios da década de sessenta do século passado.
Agora, os mais velhos estão de volta, alguns de vez – só não fazem esse retorno de modo oficial porque as vantagens fiscais que se aplicam aos franceses reformados que decidam estabelecer-se em Portugal não abrangem, por discriminação e cegueira política, os portugueses que voltem definitivamente. E ao voltarem trazem consigo o “feruge” – de “feu rouge”, semáforos –, os “volés” (persianas), o “frigidére” como frigorífico, e assim sucessivamente. E sobretudo, trazem uma grande desenvoltura e um “savuare-fére”, uma série de aptidões, de quem tem “savoir-faire”, que devemos apreciar e estimular.