O link acima abre o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
Com a conferência sobre o clima à vista, tinha que escrever sobre o assunto. Infelizmente, as expectativas não são muito altas, numa altura em que é mais urgente que nunca levar a cabo as medidas já conhecidas e que permitem reduzir o contínuo aquecimento global.
Faço uma especial referência a África, para mostrar que o desenvolvimento desse continente passa pelo investimento nas energias renováveis, de modo a permitir a electrificação de uma região que continua às escuras e que não se consegue desenvolver ao ritmo a que tem direito e que é possível.
Celebrou-se hoje o Dia Mundial da Terra. Os temas das alterações climáticas, da protecção do meio ambiente, da água, da biodiversidade, etc, são questões fundamentais que precisam de ser tratadas agora.
O presidente norte-americano organizou, para marcar o dia, uma cimeira dos quarenta e tal países mais relevantes em matéria de meio ambiente. Foi uma boa iniciativa. O clima precisa da atenção dos grandes e poderosos deste mundo. E é igualmente um problema comum, que poder favorecer o diálogo e a aproximação política. É preciso, no entanto, passar das palavras à acção. Acelerar o movimento já iniciado. Urgência climática é a expressão e deve ser o motor das realizações concretas.
É igualmente fundamental que as associações de cidadãos sejam mais activas, nos países em que o não são. As questões ambientais devem estar no centro das preocupações de cada um de nós. Os movimentos cívicos têm muita influência sobre a política e, ao mesmo tempo, mostram a maturidade de um povo.
O discurso que Greta Thunberg pronunciou hoje nas Nações Unidas, na Cimeira sobre o Clima, vai ficar na história. Foi uma intervenção curta, profundamente humana, sentida, verdadeira e directa. É impossível ficar indiferente perante o que disse e a maneira como o disse.
Mas os líderes políticos têm como uma das suas características o ficar indiferente. É isso que se viu, em grande medida, ao longo da cimeira. Em vez de falarem do que é possível, da sequência das acções que poderiam ser levadas a cabo, prometem financiamentos que não se realizam, fundos de compensação em que ninguém acredita, prazos que estão para lá do razoável, com metas prometidas para daqui a 20 ou 30 anos.
A verdade é que há urgência. Essa é a mensagem que fica, quando se ouve Greta e os outros jovens que estiveram ontem e hoje em Nova Iorque. E fica igualmente uma réstia de esperança, quando se vê que esta nova geração milita de modo determinado pelas mudanças que se impõem mas que os políticos de agora preferem ignorar ou tratar com paninhos quentes e muita conversa.
Greta merecerá o Prémio Nobel da Paz deste ano. Mas merece ainda mais: que a tratemos com respeito e que respondamos com medidas concretas e estruturantes aos desafios que nos lança.