A diplomacia e o tempo
Julian Assange, o fundador de Wikileaks, vai passar uns tempos, muitos, na embaixada do Equador em Londres. Assim o prevejo.
A confrontação diplomática entre a Grã-Bretanha e o Equador atingiu agora o rubro. Primeiro, ontem, com uma espécie de ultimato de Londres, que "informava" o governo de Quito que, de qualquer maneira, iria proceder à extradição de Assange. Foi, na minha opinião, uma comunicação inoportuna, na véspera do anúncio da decisão do presidente do Equador sobre o pedido de refúgio, e arrogante, de grande potência, habituada a mandar nos estados "subordinados". Dava a entender que se iria proceder à entrada na embaixada equatoriana. Depois, houve a decisão de Quito. Que nas circunstâncias do ultimato de ontem, não poderia ter sido outra. Tratava-se, agora, de uma questão de soberania e de orgulho nacional.
Entretanto, hoje à tarde, o Foreign Office já veio dizer que entrar não entra, mas Assange também não sai.
E assim iremos ficar, por muito tempo. Que saber esperar, esperar longamente, é uma das características de uma boa diplomacia.