Corrupção
Corrupção na política, nos partidos, nas autarquias. E responde-se com uma justiça que não tem meios. Tem apenas fachada, e não é das melhores. Mas que permite dizer: “Deixar à Justiça o que é da Justiça”.
Simplesmente incrível.
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Corrupção na política, nos partidos, nas autarquias. E responde-se com uma justiça que não tem meios. Tem apenas fachada, e não é das melhores. Mas que permite dizer: “Deixar à Justiça o que é da Justiça”.
Simplesmente incrível.
Foi agora detido o presidente da Câmara Municipal de Espinho e outros com ele relacionados. Falta tratar do caso do presidente anterior, que está agora no Parlamento pelo PSD e, por isso, tem imunidade, que precisa de ser levantada. Estes são mais uns exemplos da vasta corrupção que existe nos meios políticos, nomeadamente à volta do mau funcionamento das autarquias. O poder local é uma via rápida para a corrupção. Beneficia dos fundos europeus, do mau funcionamento do Ministério da Administração Interna, das redes partidárias municipais e distritais, e assim sucessivamente. Muitos dos negócios são à volta dos terrenos e da mudança da sua classificação e de obras inúteis.
Não tenhamos dúvidas: há muita corrupção no seio dos que andam na política.
O trabalho da Polícia Judiciária é de louvar. Mas muitos destes casos morrem depois nos corredores dos tribunais. E assim, o crime compensa.
“Acredita, Lisboa pode ser muito mais do imaginas.” Vi este slogan em vários sítios da cidade e senti-me incomodado. O autor do slogan, um candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, está a dizer-me que não tenho imaginação suficiente para poder pensar numa cidade mais limpa, mais bem urbanizada, mais segura, mais acessível, e assim por diante. Di-lo a mim e a todos os vivem na capital e acham que é possível fazer muito mais por Lisboa do que aquilo que não tem sido feito.
Peço desculpa, mas acho o slogan infeliz e arrogante.
A zona de Olhão deve ser um dos municípios mais feios e urbanisticamente caóticos do Algarve. É um espelho da falta de cuidado, do deixar andar, da especulação imobiliária e da incompetência de muitos de nós. Faz pensar no terceiro mundo. Uma vergonha, numa terra que tinha todas as condições para ser uma terra bonita e atractiva.
O funcionamento das instituições e da máquina do Estado deveria ser um tema central da campanha eleitoral. Infelizmente, não é. Não há quem fale no desempenho dos serviços públicos, quem apresente uma visão clara sobre qual deve ser o papel do Estado, ou proponha um novo tipo de complementaridade entre a administração central e a autárquica. Ora, o sector público precisa de levar uma grande volta, ao mesmo tempo que se reconhece quão importante é, num país como o nosso.
A minha neta, com três anos e meio, parece estar a preparar-se para ser candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Os trabalhos de casa, que a sua escola quer que execute, diariamente, incluem a limpeza da sua área de brincadeiras, o botar no lixo de tudo o que pertence ao lixo, e a arrumação das suas coisas. Uma folha de avaliação permite à Mãe tomar nota do grau de organização e limpeza da criança. No final da semana, a folha é entregue, pela neta, na escola, para confirmação do grau de execução e da pontuação.
Se continuar assim, pode contar com o meu voto.
Lisboa precisa de gente que dê atenção à sua limpeza e ordem pública.
Creio que a última vez que votei, em Portugal, foi em 1976. Depois, começou uma longa peregrinação por terras estrangeiras. E nunca aconteceu ter estado no país num dia eleitoral. Quando havia embaixada, inscrevia-me e acabava por votar lá. Noutros casos, nem isso foi possível.
Hoje, estava em Lisboa. Regressara ontem ao fim do dia, depois de umas semanas na Letónia. De manhã, não deu para ir às urnas. À tarde, o tempo complicou-se e choveu a sério. Mas não podia deixar de ir. Chamo a isso o peso do dever. Nestas coisas, há sempre que ter presente que, em muitas partes do mundo, há quem não possa votar ou quem veja o seu voto ser roubado, pelas trafulhas eleitorais que estão no poder. Assim se dá mais valor a eleições limpas, como as nossas.
Em vésperas de eleições autárquicas, o meu receio é que os resultados venham mostrar um novo recorde de desilusão. Taxas de abstenção mais elevadas que de costume serão o indicador. Por outro lado, a votação em elementos independentes e em movimentos de cidadãos deverá ser vista como um bom sinal de participação democrática.
A edição de hoje do Diário de Notícias deixa o leitor comum totalmente revoltado. São páginas e páginas a contar histórias de corrupção e de práticas desonestas nas autarquias portuguesas. De Lisboa ao canto mais escondido do país. Depois remata com uma entrevista com o presidente do Tribunal de Contas (TC), Guilherme d’Oliveira Martins, que diz, entre outras coisas “ que o poder local não é um viveiro de corrupção, está é mais exposto”. Assim mesmo. Quem não acredite, veja a página 16.
Dizer que tudo isto é uma vergonha não serve de nada. É que, de facto, não há vergonha nem moralidade no poder local e na política portuguesa.
Andam a gozar com os portugueses, a aproveitar-se da democracia e arruinar o país. E os casos contados não serão mais do que uma pequena amostra da situação real.
E as instituições que deveriam fazer a supervisão do poder local, como os serviços de inspecção do Ministério da Administração Interna, ou o TC, são ou incompetentes ou coniventes. Ou estão tão sobrecarregadas, que não chegam para as encomendas.
Não é esta a vivência democrática que os portugueses desejam. Não é este tipo de poder que serve o país. É tempo de dizer basta!
Com as câmaras municipais endividadas até ao nariz – e muitas delas, pura e simplesmente falidas – ainda estou para perceber como há tanta gente interessada em concorrer às eleições autárquicas e à procura de um lugar de presidente de câmara.
Será que são todos ou quase todos masoquistas? Ou “pirómanos”, que querem ajudar a enterrar ainda mais a vida pública? Ou acharão que têm alma de salvadores da nação?
Não há dúvida que cada vez percebo menos da política portuguesa.
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