A Chéquia vai presidir à União Europeia durante o segundo semestre. O lema da sua presidência é “repensar, reconstruir, dar um novo poder” à Europa. Parece-me uma divisa estranha, como se fosse preciso reinventar a UE.
O que é preciso é reforçar a coesão e garantir a sua autonomia estratégica. A reflexão deveria começar por aí: tentar chegar a um acordo sobre o que significa uma coesão reforçada e definir um plano que aprofunde a autonomia económica, a segurança e as prioridades políticas do espaço europeu, numa cena internacional muito tensa e perigosa.
A presidência checa dará igualmente uma atenção especial à situação na Ucrânia. Esse é um tema inevitável e a Chéquia, pelo seu passado, compreende bem a importância da questão ucraniana.
O link acima abre o meu texto de hoje no Diário de Notícias. E o texto abre com uma referência à cidade de Tianjin, uma metrópole portuária a 120 quilómetros a sudeste de Beijing. Há dez anos, Tianjin tinha um PIB que era pouco mais de metade do PIB português. Em 2025, terá um PIB duas vezes e meia superior ao de Portugal.
Dados assim devem fazer pensar.
A minha crónica também procura contribuir para que se pense nestas coisas.
Como de costume, cito de seguida um parágrafo do meu texto.
"O exemplo de Tianjin mostra como é importante ver o mundo com realismo. A China é um gigante imparável. Tem a seu favor a dimensão populacional, o centralismo autoritário do poder, a vontade política e o investimento maciço na ciência, na tecnologia e na aquisição de matérias-primas. Nesse contexto, que futuro pode ter Portugal, ou cada um de entre a maioria dos países europeus, na relação de forças mundial? Felizmente, existe a União Europeia. A integração produtiva e a conjugação de esforços políticos permitem aos Estados-membros ter algum peso nas relações económicas internacionais e no xadrez geopolítico. Se não houvesse mais nenhuma razão para justificar o aprofundamento da UE, esta, por si só, já seria suficiente."