Almocei ontem em Aveiro, junto do Mercado do Peixe. O serviço do restaurante era feito por jovens estudantes, os chamados empregos de Verão, durante as férias escolares.
A rapariga que tinha a responsabilidade da minha mesa vive a uma hora de autocarro de Aveiro. Com 16 anos, sai de casa no transporte das 09:00, para começar a trabalhar às 11:00. Volta a casa no autocarro que sai da cidade às 23:30. Sem queixumes, que esta é gente nova e corajosa, que quer ganhar algum, para não ser um peso demasiado grande para os pais.
Pensei que com muitos jovens como ela, se houver um bom acompahamento escolar, Portugal pode ter futuro.
Os adolescentes criativos que mencionei ontem, duas raparigas e um moço, a Elisa Tavares, a Mariana Oliveira e o Mário Ferreira, ganhadores de uma competição europeia, estudam e vivem em Aveiro. A cidade e o distrito têm-se distinguido, nos últimos anos, por um dinamismo acima da média, incluindo nas áreas da multimédia e informática.
Ao escrever isto, lembro-me do caso de Bangalore, no Sul da Índia. Cerca de dois milhões de jovens trabalham em Bangalore na programação e nos serviços informáticos. Tem havido uma transferência de capacidades da Silicon Valley, na Califórnia, para esta cidade da Índia. Centenas de milhares são diplomados do ensino superior, engenheiros de todo o tipo. Outros, a trabalhar nos call centre, falam inglês com o sotaque mais apropriado aos ouvidos dos clientes, por esse mundo fora, a quem prestam informações. O segredo do sucesso é muito simples: um investimento na educação das novas gerações, de modo a prepará-las para um mundo global.