Dez anos de guerra na Síria
A repressão armada, maciça e cruel do regime sírio de Bachar al-Assad contra a sua população começou há dez anos, dia por dia. Depois de tantos anos, o ditador continua no poder, graças à ajuda militar de Vladimir Putin e dos seus aliados iranianos e do Hezbollah libanês. Não houve uma solução política, mas sim uma realidade que se impôs pela força das armas. O país continua em crise profunda, milhões de sírios tiveram que procurar refúgio noutras terras, o sofrimento é imenso. E a comunidade internacional mostrou, uma vez mais, que não consegue resolver as grandes crises nacionais ou regionais, sobretudo se um dos grandes, daqueles que têm direito de veto no Conselho de Segurança, está directamente implicado no conflito.
Entretanto, a ONU já vai no seu quarto representante especial para a Síria, sem ter conseguido um mínimo de progresso na frente política. Na área humanitária tem desempenhado um papel fundamental. Mas, na resolução do conflito, a sua acção tem sido permanentemente impedida pelos membros do Conselho de Segurança com direito a veto e por forças da região. O papel político das Nações Unidas foi reduzido a nada, neste caso. Ou seja, o pilar central do sistema foi completamente marginalizado. As Nações Unidas não podem ficar reduzidas à ajuda humanitária – muitas ONGs fazem esse trabalho –, ao apoio a refugiados ou à ajuda alimentar. Tudo isso é importante, sem dúvida. Porém, o mais importante é a resolução dos conflitos que geram a miséria humanitária, a promoção de transições democráticas e a defesa dos direitos humanos. É nessas áreas que a ONU é insubstituível, se a deixarem trabalhar.