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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Um descontrolo migratório e as suas diferentes dimensões

A presença de jovens imigrantes a trabalhar nas grandes herdades do Baixo Alentejo e a viver nas localidades da região, em condições péssimas, é algo que só não vê quem não quer. Muitos vieram da Índia, outros do Nepal ou do Bangladesh, não se sabe bem como nem se entende como conseguiram entrar nesta parte do espaço Schengen que é Portugal.

Há dois anos, estive um par de semanas em Ferreira do Alentejo. A primeira surpresa que me entrou pelos olhos dentro foi a de ver dezenas de Sikhs e outros indianos nas ruas da localidade, ao fim do dia. Trabalhavam todos num gigantesco empório de produção de uva de mesa, que tem a sua sede a pouco quilómetros de Ferreira e que é muito conhecido nas prateleiras dos grandes supermercados. Percorrer as ruas da terra permitia notar que ocupavam, aos magotes, alojamentos antigos e minúsculos, casas onde outrora viveram pequenas famílias pobres de Ferreira.

De toda a região, era sabido que Odemira era a campeã na exploração do trabalho imigrante.

De um dos lados da medalha estão quem traz para Portugal, organiza e explora essa mão-de-obra. Do outro, estão as autoridades e os políticos que vivem do fingir que não vêem o que se está a passar nem entendem que por detrás de tudo isto existem várias ilegalidades e muita exploração dura e pura da miséria.

Quem mora perto da representação consular da Índia no Restelo tem notado que as filas diárias de jovens indianos à porta da embaixada têm crescido imenso no último ano. Há cada vez mais imigrantes à procura de papéis e certificados que lhes permitam iniciar um processo de legalização no SEF.

Uma loja de indianos perto do Ministério da Defesa, que tem como actividade comercial a venda de produtos ligados às telecomunicações, serve como ponto de apoio administrativo a esses jovens. É um apoio legítimo e muito apreciado. O empregado disse-me, recentemente, que há cada vez mais indianos em Portugal, e que não estão apenas no Alentejo. Graças a esses novos residentes, o empregado já sabe o nome de vários concelhos do nosso país, incluindo da Guarda e de outros distritos.

Perante isto, talvez fosse altura de se perceber melhor o que se passa com a imigração em Portugal. Estamos, certamente, perante problemas humanitários, legais e políticos.

 

 

 

Dá para pensar

Para que se tenha uma outra visão do mundo, para que se compreenda por que motivo os nossos horizontes são considerados, por muitos, como limitados, vou escrever sobre David Lockwood, que hoje faleceu em Londres. 

 

David tinha a minha idade. Fomos colegas na ONU, durante mais de três décadas. Nos últimos 12 ou 13 anos, antes da passagem à reforma, há menos de dois anos, David dirigiu o departamento Ásia, como director regional adjunto, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Conhecia todos os países da Ásia, do Irão às ilhas do Pacífico, trabalhara com os dirigentes de cada um desses países na área do desenvolvimento e estava ao corrente de todas as questões políticas, em cada canto dessa vasta região. Fora representante da ONU no Afeganistão, no Paquistão e no Bangladesh, número dois na China, e assim sucessivamente. 

 

Era um homem com influência, com autoridade para decidir quem seria proposto para representar a ONU em cada um dos países da Ásia, que é o tipo de poder por excelência dentro do sistema onusiano, o de decidir quem vai para onde. Mas nunca o ouvi levantar a voz, cortar na casaca ou diminuir alguém. Antes pelo contrário. Até ao fim, esteve sempre disponível para aconselhar, para evitar que erros fossem cometidos ou que surgissem situações embaraçosas. 

 

Já era responsável pela Ásia quando Timor entrou, em 1999, num processo de independência. Lembro-me da delicadeza do assunto em Nova Iorque, pois ninguém, nenhum estado importante, queria entrar em colisão com a Indonésia. David foi um dos que teve que passar muitas horas no Salão dos Delegados, a desempenhar a tarefa complexa de fazer passar a pílula amarga que era a emergência de Timor como um país soberano. 

 

Pessoas como David têm uma outra visão do mundo. Neste dia de partida, pensemos nisso. 

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