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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O Costa do Banco de Portugal

Conheci o Carlos Costa quando ele era chefe de gabinete do Comissário Deus Pinheiro, em Bruxelas. Já na altura considerei que era uma pessoa com uma excelente cabeça e boa preparação profissional, um português brilhante e capaz de entender a Europa e as contradições da política.

Depois disso, estive uma ou duas vezes com ele, em momentos oficiais, em que ambos tínhamos que apresentar as nossas ideias e pô-las à discussão com plateias bem informadas e exigentes. Sempre o fez com a seriedade e a calma necessárias.

Recentemente, a maneira como geriu a crise no ninho de ratos em BES se havia transformado nem sempre foi entendida por todos. Gerou, é verdade, um certo nível de controvérsia.

Tratava-se, no entanto, de um dossier extremamente complexo, que mexia com um banco pilar da economia nacional e com um homem – Ricardo Salgado – e um grupo de indivíduos a quem muitos políticos, da direita à esquerda, deviam favores e subserviência. Gente poderosa, que muitos, nas esferas da política e da comunicação social, consideravam intocáveis, mas que na realidade acabaram por mostrar a sua verdadeira face de trapaceiros malabaristas dos dinheiros dos outros.

Neste contexto, agir contra Salgado e os seus exigia uma coragem política excepcional. Carlos Costa demorou algum tempo, mas finalmente conseguiu adquiri-la. As decisões que então tomou foram as melhores possíveis, num enredo que tinha muitos interesses em jogo.

Agora, a sua recondução como Governador do Banco de Portugal está a causar ondas. É a política. Embora tenha sido má política da parte de Passos Coelho não ter consultado e discutido a recondução com o outro Costa, o António.

Mas a decisão de prolongar Carlos Costa à frente do Banco de Portugal tem os seus méritos. Como o Governador também os tem, aliás.

 

 

 

 

Os crimes do BES

O que aconteceu no BES teve certamente profundas implicações políticas. Mas para além de ser um caso político, cujos contornos poderão ser elucidados pelo inquérito parlamentar em curso, é igualmente um caso de polícia. Os indícios da prática de vários crimes são cada vez mais evidentes. Tem que haver uma investigação criminal a sério, um apuramento de responsabilidades e os julgamentos que forem considerados adequados. O que aconteceu, o que foi praticado, não pode ficar impune.

O Verde Banco, muito verde e opaco

Hoje entrei pela primeira vez na minha agência do meu Novo Banco. A última vez que lá fora ainda a coisa era conhecida pelo nome antigo. E tinha clientes. Hoje, fiquei com a impressão que está tudo muito morno, ou mesmo parado. Que não há actividade.

 

O que me levou ao Novo foi uma situação ridícula com o cartão de crédito de uma das minhas filhas. Por sinal, a que tem a conta mais alimentada. O cartão que lhe haviam dado tinha um crédito de 500 euros apenas. Um plafond insuficiente, que ainda se tornava mais difícil de gerir com ciclo de crédito a fechar a 12 de cada mês mas a conta dela a ser debitada apenas a 30. Ou seja, na prática, o cartão só dava para uma dúzia de dias de operação por mês. E ficava rapidamente inoperacional, com o limite dos 500 euros a ser atingido num ápice.

 

Fui ao atendimento personalizado. E apercebi-me, por comparação com outros bancos noutros países, que os dois miúdos que se ocupam desse tipo de atendimento não têm poder de decisão nem capacidade para fazer o aconselhamento que certas situações que saem da rotina exigem. A boa vontade não chega, nestas coisas de banca e de dinheiros. Nem o fato e a gravata e a menina bonita ao balcão. E com a reputação do banco fortemente abalada, fiquei a pensar que o Novo deveria, isso sim, chamar-se Verde, Muito Verde. Também fiquei com a impressão que não vai ser fácil vender esta coisa “nova” por um valor que cubra o que o Estado acaba de lá pôr, para salvar a barraca. Verde e com pouco ponta por onde se lhe pegue.

Digressões algarvias

Estou há cerca de uma semana no coração de Vilamoura. Sem sair muito da casa onde passo duas semanas de férias, fico com a impressão de estar num outro país. As ruas e as vivendas desta zona têm muito pouco que ver com o resto do Algarve. A própria marina de Vilamoura é um mundo à parte. Só lá fui uma vez, há uns dias, e ficou claro que por ali há dinheiro e gente de fora.

 

Felizmente que as poucas excursões que até agora fiz fora desta área me levaram, de cada vez, ao mercado da Quarteira. A Quarteira está pegada a Vilamoura, do mesmo modo que a noite se segue ao dia. O mercado é, no entanto, uma experiência agradável. Ir às compras é voltar a um Portugal descontraído e simples, ao peixe fresco, caro, e às hortaliças e frutas, em conta.

 

Esse Portugal é bem melhor do que o outro que permite a dois ex-administradores, que de um modo ou de outro, tiveram a responsabilidade de levar o BES à ruína, voltar agora a prestar serviços no Novo Banco. O banco pode ser novo, mas as manhas ou as incompetências desses senhores são velhas e conhecidas. A sua nomeação não deveria fazer parte do Portugal de hoje. Mas faz. O que não augura um futuro brilhante para a equipa de Vítor Bento.

São sinais destes que mostram qual poderá ser o futuro.

 

 

A impunidade e a espiral do colapso

A Bolsa de Lisboa, sobretudo no que toca ao sector bancário, ficou muita fragilizada, no seguimento da crise do BES. Há hoje um risco real que uma parte importante da banca nacional restante entre numa espiral desastrosa. Mas não são apenas os bancos que estão ameaçados. Existem muitos projectos de investimento que se vão revelar inviáveis, que apenas existiam em virtude dos favores que certos banqueiros faziam aos amigos e a si próprios. Projectos que na realidade eram apenas biombos que escondiam a apropriação privada de dinheiros dos depositantes.

 

Tudo isto foi possível porque as instituições portuguesas funcionam mal, fazem de conta e têm como prática habitual o favorecimento de um pequeno número de indivíduos. E porque vivemos num país onde reina a impunidade. A impunidade dos ricos e dos poderosos. Quando isso é a norma, um país deixa de funcionar de modo normal. Passa a estar a saque. E entra num processo de colapso.

 

Receio bem ser essa a situação em que Portugal se encontra.

Novo Banco e velhos problemas

A saga do BES, um banco que foi arruinado pelos seus administradores em virtude de acções fraudulentas, ilegais e manhosas, continua a ser o tema de todas as conversas.

 

Se é verdade que a solução encontrada pelo Banco de Portugal foi a menos má numa situação de catástrofe, a situação a que se chegou na sexta-feira, também é verdade que o banco supervisor permitiu, por indecisão e falta de força política, que as coisas se arrastassem até ao ponto de ruptura. Se o Banco de Portugal tivesse sido prudente, e nestas coisas a prudência é a regra que deve primar, teria tomado medidas de afastamento da administração do BES em Setembro de 2013. Foi nessa altura que se tornou evidente que havia gestão danosa.

 

Uma vez mais, lembro-me do que aprendi nas andanças pelo mundo. Quando o risco é grande a indecisão torna-o maior. O mal corta-se pela raiz, diz o ditado popular.

 

Agora, sendo as coisas o que são, é fundamental colocar o Novo Banco à venda tão depressa quanto possível. A actual administração, com Vítor Bento à frente, não tem experiência nem os contactos suficientes no mundo financeiro internacional que permitam ir além de uma fase transitória. Também aqui a experiência ensinou-me que o transitório deve ser sempre o mais breve possível. Por isso, deve procurar-se atrair o interesse de grandes grupos financeiros internacionais, para que comprem o Novo Banco. Mas aqui há vários problemas. Primeiro, não sei até que ponto a nossa opinião política está aberta à ideia de um banco internacional passar a ser o dono de uma parte significativa da banca nacional. Segundo, o mercado interno é pequeno, existem já bancos a mais, e por isso será difícil interessar um grupo de peso estrangeiro, um grupo sério e experiente. Terceiro, é difícil de dizer quanto vale o Novo Banco. Quantos dos créditos “bons” não serão na realidade montantes impossíveis de receber, nomeadamente no domínio do crédito à habitação e no financiamento de certas actividades económicas estapafúrdias. Poderá valer menos, para um investidor vindo de fora, que os 4 900 mil milhões agora disponibilizados. Quem vai pagar a diferença?

 

Enfim, para já, vamos andando.

 

Os "banqueiros" da trafulhice

As contas do BES – Banco Espírito Santo – que hoje foram divulgadas revelam, de modo claro, que a anterior administração do Banco, a que fora presidida por Ricardo Salgado, era uma associação de suspeitos criminosos financeiros. Alguns deles ainda continuam na administração actual. Vamos ver por quanto tempo. Iremos também ver o que a justiça fará de toda esta gente. E que medidas vão ser tomadas pelo Banco de Portugal, para apuramento das responsabilidades criminais desta linda colecção de “banqueiros”.

 

Entretanto, em certos meios do PSD e PS, nomeadamente, há quem pense que tudo isto deve ficar em águas de bacalhau. É que, ao longo dos anos, foram muito ajudados pelo Ricardo e pela sua trupe.

Uma história que ainda não terminou

Finalmente, o Banco de Portugal agiu, como eu aqui previra há vários dias, e obrigou o BES a substituir a sua administração. Foi, uma vez mais, lento na decisão, mas mais vale tarde que nunca, embora nestas coisas a rapidez da intervenção seja sempre o mais aconselhável. Quanto mais se espera mais difícil se torna encontrar uma solução razoável.

 

Mas os mercados parecem não acreditar na história que lhes está a ser contada. E as acções do BES continuam a perder valor, de modo muito significativo. É por isso importante que se faça luz sobre a situação financeira do banco e que se proceda rapidamente à entrada de um parceiro financeiro estratégico. Um outro banco, com dinheiro e bom nome, tem que tomar uma posição forte no capital do BES. E dar-lhe um sopro de reputação.

 

A verdade é que os clientes do BES não fizeram fila para retirar o dinheiro das suas contas. Aí o poder político tem sabido gerir a crise com habilidade. É preciso mais, agora, forçar à abertura do banco a novos grupos de accionistas de peso.

BES e o Banco de Portugal

Numa situação tão séria e complexa como a que está acontecer à volta do Banco Espírito Santo (BES), seria de esperar que o Banco de Portugal (BP), logo após o fecho das bolsas, viesse a público e anunciasse uma decisão, com o objectivo de clarificar e apaziguar a economia e o sector financeiro. Ora, isto ainda não aconteceu, à hora a que escrevo e receio que demore a acontecer.

 

Nestas coisas, o banco central, neste caso, o BP, tem que mostrar que tem capacidade de decisão rápida, que sabe cortar a direito e que compreende a urgência e a importância sistémica da crise. Tem igualmente que ser visto como independente do poder financeiro, como corajoso e competente.

 

No caso concreto, é evidente que a actual administração tem que ser, de imediato, substituída por uma outra, a título temporário, até que seja confirmada pela assembleia de accionistas do BES. Ninguém da administração que levou o BES ao descalabro presente tem condições para continuar, seja em que posição for, em lugares de direcção do BES. Devem, além disso, ser objecto de investigações criminais, para que se apurem as responsabilidades. Assim se procede nos países avançados.

Irresponsabilidades e falcatruas

O sistema bancário privado português, já aqui o disse várias vezes, tem muito pouca credibilidade nos mercados europeus e internacionais. O caso actual com o BES é apenas o exemplo mais recente de um sistema que não é convenientemente supervisionado pelo Banco de Portugal, para além do facto dos banqueiros e os políticos do regime andarem de mãos dadas.

 

Entretanto, as acções do BES já perderam 22,6% do seu valor em Junho, depois de haverem perdido quase 14% em Maio. É uma derrocada bem significativa. Por outro lado, a imagem do banco está nas lonas. E as escolhas que estão a ser feitas neste momento, em termos da nova administração do banco, mostram simplesmente que vamos ter mais do mesmo. E o Banco de Portugal, como muitas outras instituições no nosso país, revela uma vez mais que não tem força nem dentes para se atacar aos velhos interesses da finança, agora, ainda por cima, ligados aos “jovens” que por aí andam na política, a começar pela Assembleia da República e a continuar nos órgãos dirigentes dos principais partidos, quando não estão nos gabinetes ministeriais.

 

Depois dizem-nos que o país não funciona bem…

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