Este é o link para a minha crónica de hoje, publicada no Diário de Notícias. A não comparência do líder chinês parece mostrar que já entrámos na nova ordem política internacional.
Cito de seguida umas linhas do meu texto:
"Os dirigentes indianos varrem para debaixo do tapete essa ausência. Ao reagir assim e ao sublinhar que o primeiro-ministro chinês Li Qiang estará presente, estão a proceder da maneira que é diplomaticamente apropriada. Mas isso não esconde certas evidências fundamentais. As disputas fronteiriças e a concorrência geoestratégica entre ambos os países. As críticas de Beijing à aproximação cada vez maior entre Nova Delhi e Washington. E o facto de não haver acordo sobre o texto do comunicado final da reunião, no que respeita à agressão injustificada e sem-fim da Rússia contra a Ucrânia. A China não quer entrar nessa discussão, apesar de pretender ser o líder da nova ordem internacional. Ora, liderar é ser capaz de mostrar o caminho do futuro e não cair na prática que tem sido tão habitual na cena internacional, a dos dois pesos e das duas medidas."
Finalmente, Vladimir Putin anunciou que não estará presente na próxima cimeira dos BRICS, que terá lugar a partir de 22 de agosto, na África do Sul. Foi um grande alívio para os sul-africanos que não queriam de modo algum uma visita desse género, e uma prova clara que o presidente russo tem poucas hipóteses de viagens internacionais, depois da acusação formal do Tribunal Penal Internacional. Putin entende agora de maneira mais clara o que significa ser um pária na cena internacional.
A contraofensiva não chega para levar a negociações entre as duas partes.
Conseguir resultados com a contraofensiva antes da cimeira.
O conflito acabará por ultrapassar as fronteiras da Ucrânia.
Não se prevê nenhuma mudança de liderança política em Moscovo.
Não há entendimento possível com Vladimir Putin.
As sanções contra a Rússia não chegam para alterar o jogo político.
Um mundo novo: as superpotências perdem peso relativo; há novas superpotências na mesa de xadrez; há novas alianças. As relações de força voltam a ser o factor determinante.
Um acordo de parceria sólido entre a NATO e a Ucrânia. Que resista a mudanças de governos.
Sobre a UE:
A adesão à UE terá um efeito moral muito positivo sobre a Ucrânia.
Terá igualmente um impacto sobre a a atmosfera política que existe no seio da população russa.
A visita de seis chefes de Estado africanos a Moscovo e a Kyiv:
Liderados pela África do Sul, um dos BRICS.
O fornecimento de armas pela África do Sul aos russos e a querela com os EUA sobre esse assunto.
A delegação não inclui a NIG, o KEN, os PALOPS, a Comissão da UA.
Agenda discutida com Xi Jinping. Mas não com os Europeus nem com os EUA.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. Insisto em dois pontos, quando olho para 2023: pensar numa nova maneira de fazer a gestão da paz e obrigar a Rússia a assumir as suas responsabilidades; lembrar que temos de trabalhar diplomaticamente com a China, com muita habilidade e tendo bem presente os interesses de cada parte.
Cito umas frases do texto de hoje:
"Mais, o prolongamento da campanha russa traz consigo o risco, acidental ou deliberado, de pegar fogo à Europa Ocidental e mais além. Razão muito forte pela qual este tem de ser o ano de uma iniciativa de paz, liderada pelos europeus e em colaboração com os EUA e a China, entre outros.
Sim, com a China, mas não com os BRICS, que são uma estrutura cheia de problemas internos -- Brasil, África do Sul -- e de rivalidades entre a Índia e a China. E o relacionamento com a China não prejudica necessariamente a aliança entre os europeus e os norte-americanos, nem contradiz o apoio que temos o dever de continuar a fornecer à Ucrânia. A complexidade do conflito exige uma maneira criativa de intervir na sua solução."
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
Cito, de seguida, um pequeno parágrafo desse texto.
"Na verdade, o meu propósito é o de sublinhar o potencial que existe ao nível do G20. Esta é a única organização, para além do sistema das Nações Unidas, que consegue reunir os poderosos do Norte e do Sul. Deve, por isso, ser vista como uma boa aposta em termos de colaboração política e económica internacional. E hoje é fundamental que se volte a falar de cooperação e complementaridade, face aos desafios que todos enfrentamos. Os líderes devem sair dos discursos meramente antagonistas."
Teve lugar em Beijing, na quinta-feira e ontem, a cimeira de 2022 dos BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Curiosamente, uma das promessas inscritas na declaração final é sobre o respeito pela lei internacional. A Rússia é certamente um país que não tem qualquer problema em afirmar a sua adesão a esse princípio. Tem, no entanto, sérios problemas quando se trata de o respeitar.
A minha tese fundamental é que os BRICS constituem, entre si, uma aliança pouco sólida. Os diferentes países têm interesses estratégicos muito distintos.
A cimeira dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – teve lugar ontem e hoje em Durban, a cidade sul-africana que vive virada para o Oceano Índico. Também hoje escrevoo um texto na Visão que saiu ao público e está nas bancas deste esta manhã.
O texto ainda não está publicado on-line. Mas pode ser lido através do seguinte link: