Começam a ser conhecidas as cabeças de lista para as eleições de 5 de Junho. Por isso pensei neste bichinho, que encontrei algures na rota da seda, e que sem ser candidato a nada, tem uma linda cabeça. Ficaria muito bem em vários cartazes partidários.
Começar o dia com o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, o General Orozi, é um prazer. Orozi, um jovem, 43 anos, três estrelas, é uma das pessoas mais inteligentes das muitas que encontrei nas minhas peregrinações. Conhece cantos de Lisboa que eu nem sonho que existam. Vem muitas vezes a Portugal. As Oficinas Gerais de Material Aeronáutico fazem a manutenção do seu C-130. É um homem do deserto, nascido a cerca de 250 quilómetros a Sul da fronteira com a Líbia, em pleno Sahara. Um homem de palavra. Quando diz que faz, faz. Quando diz que não, é não mesmo.
Pertence a uma tribo de pastores de camelos. Os miúdos saem para o deserto com os animais, e por aí ficam meses sem fim. Além da companhia dos camelos e do silêncio que os torna homens grandes, cada miúdo tem a sua pistola-metralhadora, uma kalashnikov. Mais tarde na vida, os mais aguerridos tornam-se soldados, ou rebeldes, ou ambas as coisas. Não têm medo da morte, que morrer é o que acontece a muitos.
O pobre do camelo não teria cornos mas a sua carne era rija como os ditos.
E muito mal temperada. Não dava para disfarçar.
Uma ceia de Natal diferente.
Com a situação na área das nossas operações, na RCA, a ficar cada vez mais violenta, incluindo o risco acrescido de raptos de Ocidentais, o desejo desta quadra é que haja tranquilidade e respeito. Duas características pouco frequentes, nas terras que frequento.
E ainda há quem diga que o pessoal dirigente da ONU são uns meros burocratas...